24 de novembro de 2024
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Saúde bucal dos idosos: a importância da higiene como medida preventiva contra doenças

Odontogeriatras e cuidadores precisam estar alinhados para garantir uma higiene bucal de excelência, método preventivo contra diversas doenças

Orientar e supervisionar a higienização bucal da população idosa requer maior atenção, principalmente quando o paciente tem alguma redução motora adquirida ou deficiência por conta da idade, condições neurológicas, acidentes, entre outros fatores. Sendo assim, o auxílio de um cuidador preparado e dirigido pelo odontogeriatra é fundamental.

Em um trabalho conjunto com o cirurgião-dentista especializado em Odontogeriatria, o cuidador cria metodologias para facilitar o momento da escovação, seja no apoio ao idoso que consegue fazer essa atividade sozinho (o que é aconselhável sempre), ou àquele que precisa de ajuda para fazer a higienização da boca.

De acordo com um levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de familiares que se dedicavam a cuidados de idosos com 60 anos ou mais cresceu de 3,7 milhões em 2016 para 5,1 milhões em 2019.

A cuidadora de idosos Sandra Kurita reforça que esse profissional faz a diferença na abordagem e no cuidado com a higienização, e que seu papel é fundamental. Ela tem experiência como cuidadora domiciliar, e pondera que o cuidador informal, como um familiar, por exemplo, na maioria das vezes, não tem todo o preparo necessário, acaba precisado dividir seu tempo entre essa responsabilidade e os afazeres diários, além de trazer um grande desgaste emocional.

Kurita acrescenta que se o idoso for cadeirante, estiver com um quadro de Acidente Vascular Cerebral (AVC), ou possuir alguma patologia adquirida e, por conta disso, não tiver uma postura fixa para que seja feita a atividade, é o cuidador quem realiza toda a introdução passiva da higienização: leva a bandeja, faz a escovação de leve, utiliza gazes e fio dental.

A Dra. Claudia Spinelli, cirurgiã-dentista especialista em Odontogeriatria, destaca que a integração com o cuidador traz diversos benefícios ao paciente. “Com o aumento da população idosa, há também alta no número de patologias próprias desses envelhecimentos. Por exemplo, doenças articulares, artrites, artroses, osteoporoses, doenças cardiológicas, degenerativas, demência e doenças neurológicas, como o Alzheimer, que causam limitações”, diz.

O cuidador também é a pessoa que vai compartilhar as informações sobre o paciente com o cirurgião-dentista, a fim de repercutir diretamente na promoção e qualidade de vida dessa população. Tudo isso diminui os riscos de o idoso contrair uma infecção bucal, o que o deixaria ainda mais fragilizado.

As principais patologias que atingem a cavidade bucal de idosos são, principalmente, a cárie e as doenças periodontais, como gengivites e periodontites.

Segundo a Dra. Spinelli, o Brasil ainda é um País que tem um número considerável de idosos desdentados, mas salienta que isso está mudando. “Cabe ao odontogeriatra orientar os cuidadores para que o paciente faça uma higiene bucal rigorosa e adequada após cada refeição, escovando os dentes com uma escova macia – incluindo a língua -, fazendo uso de fio ou fita dental e, dependendo do caso, utilizando enxaguantes bucais, de preferência sem álcool. Motivar o cuidador ou o paciente a fazer higienização das próteses dentárias também é fundamental”, completa.

Outro ponto importante que o cuidador precisa estar atento é se há alterações bucais nesse paciente e, se houver, é essencial comunicar imediatamente o cirurgião-dentista. O uso de medicamentos contínuos também pode diminuir ou reduzir a quantidade de saliva, o que tende a contribuir com a deterioração da cavidade bucal.

Vale ressaltar que a capacidade de mastigação mantida ou restaurada melhora a nutrição e o estado físico do idoso, trazendo ainda mais benefícios à vida dele, além do ganho da autoestima.

Atualmente existem 80 cirurgiões-dentistas especializados em odontogeriatria registrados no Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP) atuando no Estado. O odontogeriatra tem um conhecimento mais profundo sobre a atuação junto à população idosa, com foco no estudo geral de sua saúde, muitas vezes realizando atendimento em consultórios adaptados – com acessibilidades como rampas de acesso, andadores, cadeiras de rodas e aparadores – ou em home care (atendimento em domicílio), que vem se tornando uma tendência.

Sobre o CROSP

O Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP) é uma autarquia federal dotada de personalidade jurídica e de direito público com a finalidade de fiscalizar e supervisionar a ética profissional em todo o Estado de São Paulo, cabendo-lhe zelar pelo perfeito desempenho ético da Odontologia e pelo prestígio e bom conceito da profissão e dos que a exercem legalmente. Hoje, o CROSP conta com mais de 140 mil profissionais inscritos. Além dos cirurgiões-dentistas, o CROSP detém competência também para fiscalizar o exercício profissional e a conduta ética dos Técnicos em Prótese Dentária, Técnicos em Saúde Bucal, Auxiliares em Saúde Bucal e Auxiliares em Prótese Dentária.