Cine-Crítica O Defensor: Casa Gucci, cinebiografia cheia de glamour e ótimas atuações
Por: Ruan Reis*
O longa acompanha Patrizia (Lady Gaga) de seu primeiro encontro com Maurizio Gucci (Adam Driver) em uma festa até o momento em que foi condenada como mandante do assassinato dele.
Entre o primeiro beijo e a morte de Maurizio, os dois se casam e, conforme os outros membros da família Gucci morrem, são expostos ou jogados para fora da empresa por Patrizia.
A trama consegue nos mostrar bem como foi o factual todo envolto da história da família Gucci, claro, focando mais em Patrizia e Maurizio e sua ascensão dentro da empresa.
O primeiro ato do filme te seduz e te instiga a querer ver qual o rumo em que a protagonista irá tomar para chegar ao topo, afinal desde o começo vemos que a família Gucci tem seu império, mesmo que colocado isso a prova durante a história.
As interpretações também são um show a parte, como por exemplo, a própria protagonista. Lady Gaga realmente surpreende como Patrizia, mesmo um momentos em que a personagem se mostra mais frágil e com as emoções a flor da pele, em momento algum você se decepciona com a entrega da atriz/cantora, a personagem divide bem durante o filme se nos torcemos contra ou em seu favor, cheia de camadas, é muito empolgante ver Gaga como Patrizia. Não se surpreenda caso venha uma indicação à estatueta dourada.
Já Adam Driver mostra que realmente é um ator completo, durante a trama seu personagem é o que mais mostra uma crescente, passando de um esposo bobão a um Gucci, como em determinado momento do filme é dito.
Jared Leto também é uma grata surpresa no filme, interpretando o emotivo e inocente Paolo Gucci, claro que a maquiagem é um show a parte, maquiagem que inclusive pode pegar os desavisados de plantão de surpresa levando a pensar “quem é esse ator?”, realmente incrível, outra categoria que pode ganhar uma indicação da academia.
Já os veteranos Jeremy Irons e Al Paccino, entregam bem seu papel de patriarcas da família Gucci, mesmo que no caso de Paccino seu personagem Aldo seja um pouco mais parecido com um mafioso bonachão, e sempre uma grata surpresa ver o ator nas telas.
Já a personagem de Salma Hayek que na ‘vida real’ teve um peso gigantesco na história, no cinema sua personagem não é tão valorizada assim, talvez por culpa do roteiro que teve muito que explicar e contar em detalhes anteriormente, quando chega numa personagem como a de Hayek, deixa passar uma grande oportunidade de dar um ar mais misterioso e de ‘pseudo vilã’ para a conselheira matrimonial as avessas de Patrizia.
A direção de Ridley Scott surpreende, já que estamos acostumados a ver o diretor fazer filmes cheios de ação, explosões e monstros espaciais. Aqui sendo mais contido entrega um filme interessante de assistir mesmo com um errinho ou outro, mas isso é conversa pra depois.
Pontos positivos: A Casa Gucci, é um filme daqueles que te prendem só por sua premissa e por alimentar o público com uma mulher que deu uma virada em sua vida e que almeja ser grande, claro que muitos podem ir no cinema achando que irão ver uma versão de Cruella, mas não é bem assim, a trama é bem pé no chão e te instiga a querer saber para onde a história vai e quem ficará com o poder da Gucci, como se fosse um Game Of Thrones dentro de uma empresa. O filme te leva a torcer contra e a favor de determinados personagens sempre e com um ar de máfia italiana em determinados momentos, claro que boa parte disso é graças ao personagem de Al Paccino.
Pontos Negativos: o filme tem alguns erros de continuidade, mas isso não faz perder seu brilho, mas talvez o que realmente possa deixar o espectador um pouco cansado é o roteiro que quer contar muito, e acaba quebrando um pouco o ritmo da história e da um soninho de leve no espectador.
Casa Gucci é um filme com um elenco estrelado com ótimas atuações e uma história interessante de se assistir, mesmo que um pouco longo, ver os bastidores da poderosa Gucci e seu declínio é um prato cheio para quem aprecia filmes biográficos de pessoas com visões empresariais diferentes.
*Ruan Reis é repórter do jornal O Defensor e apaixonado por cinema, mundo nerd e geek.
**Os artigos publicados com assinatura não manifestam a opinião de O Defensor. A publicação corresponde ao propósito de estimular o debate dos problemas nacionais e mundiais e de refletir as distintas tenências do pensamento contemporâneo.