Artigo: Um ou outro? Ou outro?
Por: Rodrigo Segantini*
Se as pesquisas de intenção de voto para presidente da República feitas recentemente se confirmarem, pode ser que Lula volte a ocupar esse cargo. Porém, quem diz que votará no PT se esquece porque o partido foi apeado do poder com o impeachment de Dilma Rousseff e defenestrado com a derrota de Fernando Haddad na eleição seguinte.
O PT vendeu o Governo para o Centrão e comprou base parlamentar com emenda. O PT mantinha uma milícia digital para atacar opositor. O PT fez indicações de cunho político para o STF. Partidários e aliados do PT foram acusados de atos de corrupção. Durante a gestão do PT, o preço da carne foi às alturas, o preço do combustível foi às alturas e, para tentar acalmar o povo incauto, foi proposto o aumento de auxílios como o Bolsa Família. As pessoas de bem foram às ruas e protestaram, foram às urnas e afastaram o PT da presidência da República.
Em 2018, a alternativa ao PT era Jair Bolsonaro. O povo o via como a única opção contra tudo o que o PT significava e, assim, ele foi eleito. Dizia Bolsonaro que dedicaria seu mandato no combate à corrupção e na gestão responsável do orçamento público. Dizia Bolsonaro que auxílios como Bolsa Família, da forma como o PT geria, era compra de votos disfarçada. Dizia Bolsonaro que jamais se uniria ao Centrão.
Mas não foi o que aconteceu. Bolsonaro vendeu o Governo para o Centrão e comprou base parlamentar com emenda. Bolsonaro mantém uma milícia digital para atacar opositor. Bolsonaro fez indicações de cunho político para o STF. Partidários e aliados de Bolsonaro estão sendo acusados de atos de corrupção. Durante a gestão de Bolsonaro, o preço da carne foi às alturas, o preço do combustível foi às alturas e, para tentar acalmar o povo incauto, foi proposto o aumento de auxílios a partir do chamado Auxílio Brasil. Faltam as pessoas de bem irem às ruas e protestar, ir às urnas e afastaram Bolsonaro da presidência da República.
Acontece que a alternativa a Bolsonaro parece ser o PT, que foi tirado do poder por Bolsonaro. Então, tirou-se um para colocar outro porque aquele nos decepcionou com sua vilania e agora se sugere que ele deva retornar para tirar quem o tirou porque este nos decepcionou com sua vilania. Estamos condenados a esta alternância maléfica entre o ruim e o pior?
Quem acredita nisso precisa mesmo olhar para o lado. Atualmente, há pelo menos onze pessoas se dispondo a concorrer à presidência da República como alternativa a Lula e Bolsonaro. São eles: Ciro Gomes, João Doria, Eduardo Leite, Arthur Virgilio, Sergio Moro, Rodrigo Pacheco, Luiz Henrique Mandetta, Simone Tebet, José Luiz Datena, Luiz Felipe D’Avila e Alessandro Vieira. Você pode concluir que nenhum destes onze nomes lhe convencem, o que não quer dizer, de forma alguma, que não há opções.
A disputa presidencial não pode ser encarada como uma escolha entre Nescau e Toddy e que nenhum outro achocolatado tem condições de participar desta briga. Se acharmos que as eleições é uma concorrência entre Pepsi ou Coca-cola, deixando de se considerar qualquer outro refrigerante, jamais vamos conhecer a delícia que é o Guaraná Ideal.
Tiramos o PT porque ele fez coisas que nos repugnaram. Bolsonaro está fazendo coisas que nos repugnam. Há uma citação de autoria desconhecida, ora atribuída ao português Eça de Queiroz, ora atribuída ao norte-americano Mark Twain, que diz que os políticos, como as fraldas, devem ser mudados frequentemente pela mesma razão. Não devemos apenas trocar a fralda do país – devemos também trocar a marca da fralda.
*Rodrigo Segantini é advogado, professor universitário, mestre em psicologia pela Famerp.
**Os artigos publicados com assinatura não manifestam a opinião de O Defensor. A publicação corresponde ao propósito de estimular o debate dos problemas nacionais e mundiais e de refletir as distintas tenências do pensamento contemporâneo.