Halloween Kills: é ruim, mas é bom/ Cine-Crítica O Defensor
Por: Ruan Reis*
Começando exatamente de onde acabou o filme de 2018, Halloween Kills O Terror Continua, mostra Laurie na cama de um hospital e Michael Myers “salvo” das chamas de onde estava preso por um grupo de bombeiros desavisados.
Quando a notícia se espalha de que aquele o bicho-papão está nas redondezas novamente, a cidade se revolta e uma busca frenética por vingança se inicia. Aqui, quem lidera o caos são figuras conhecidas do primeiro filme: as duas crianças que Laurie cuidava em 1978, Tommy e Lindsay (ele interpretado por Anthony Michael Hall e ela pela mesma atriz, Kyle Richards), e a enfermeira Marion Chambers (Nancy Stephens), companheira de Dr. Loomis no início da franquia.
Com a sensação de termos voltados para 2018, Halloween Kills acerta em alguns pontos e erra em outros, sendo o filme do meio da história de Micheal VS Laurie, por si só já é mais um filme de passagem do que uma parte da história, visto que nos planos de David Gordon Green (diretor de Halloween 2018, e Halloween Kills) o filme teria apenas a versão de 2018 e se encerraria na terceira parte (contando com o filme de 1978), mas os roteiristas optaram por esperar as bilheterias de 2018 para dar mais uma versão ao filme, que agora ao invés de três partes, teremos quatro, logo, Halloween Kills se torna uma pedra no sapato do espectador, pois temos a mesma sensação de assistir um filme como guerra infinita, ou seja, sabemos que a conclusão virá em um próximo longa.
Os pontos positivos de Halloween Kills: as cenas em que o foco são as origens de Micheal e a tentativa de mostrar que o personagem é penas a pura maldade prendem e trazem o público para dentro da história do antagonista. Com cenas de flashbacks, que mostram onde estavam alguns dos personagens no Halloween de 78. Além de vermos alguns personagens antagônicos da franquia, também vemos motivos pelos quais Michael teria voltado a assombrar a cidade de Haddonfield. Outro ponto positivo é o momento da revolta da cidade contra o bicho-papão, afinal estamos sempre acostumados a ver o assassino fazer as vítimas como caça, mas quando isso se inverte, prende-nos e nos faz querer ver mais disso no filme, e mostrar que quando a população quer fazer justiça com as próprias mãos, nem sempre os atos são heroicos e justos. Um último ponto positivo a ser abordado são as mortes do filme, que talvez por necessidade já que durante os anos já vimos mortes das mais clichês possíveis, sejam de vítimas estabanadas que caem ao fugir, ou “corajosos”, que tentam lutar contra o vilão, em Halloween Kills temos uma certa criatividade em algumas mortes, e é claro, Micheal 110% mais cruel e frio do que no último filme, o que nos faz tentar entender suas motivações.
Pontos negativos de Halloween Kills: mesmo que o filme tente trazer sobreviventes, da noite de 78, é justamente um dos erros, pois alguns estão realmente na película original, já outros são trazidos por flashbacks, criados justamente para tentar termos certa empatia por eles, mas como suas tramas não são tão bem exploradas, quando eles morrem, o público não tem empatia nenhuma pela cena, e fica claro que esses personagens estão inseridos na cena, apenas para termos mais mortes, e tentar gerar uma revolta maior, pelos sobreviventes de 78. Por conta disso, quando tentamos ter algum sentimento pelas possíveis vítimas de Micheal, percebemos que de nada soma a trama, pois o foco é dado aos referidos personagens. Já sobre Laurie a protagonista que está ferida devido ao seu último encontro com Micheal, talvez seja a personagem que mais nos importamos no filme, pois sua rivalidade com o bicho- papão e o reencontro dos mesmos, no faz ficar apreensivos já que a mesma está incapacitada durante o filme todo.
A direção de David Gordon Green, mostra-se muito eficiente, seja mostrando planos abertos para mostrar a escuridão da cidade de Haddonfield, com a mesma sensação do filme de 78, onde sempre buscamos ao fundo Micheal Myers se esgueirando atrás de árvores, ou nos flashbacks onde temos a sensação de estar realmente assistindo o primeiro filme da saga.
Halloween Kills é um filme de passagem para o próximo e último filme da história de Laurie vsMicheal, com um certo amargo na boca quando acaba, e nos deixando esperar para saber quem? Ou o que? Micheal Myers, o maior problema é o roteiro, que deixa nítido a necessidade de mais um filme antes da conclusão para fazer mais dinheiro com a franquia, aos fãs do gênero slasher, Halloween Kills cumpre com o que promete, mas tenta enganar quem ama a franquia, sendo talvez até que saia a conclusão, o mais fraco dos filmes da saga.
*Ruan Reis é repórter de O Defensor e apaixonado por cinema.