Artigo: Morremos todos os anos, este ano não devíamos
Por: Prof. Eduardo José Aloia*
Era uma vez…não ficou bom… vamos mudar o começo…
Será dessa vez… assim ficou melhor…que conseguiremos entender a Amazônia, dizia o cientista em uma palestra.
E continuou:
— Vocês sabiam desses detalhes importantes da floresta Amazônica. E começou a enumerá-los:
- Para ressaltar a biodiversidade afirmo que: “Na floresta Amazônica há mais olhos que folhas”.
- Uma árvore de grande porte chega a jogar na atmosfera 1.000 litros de água por dia, por evaporação.
- Toda a Amazônia produz 20 BILHÕES de toneladas de água por dia. O rio Amazonas despeja no oceano Atlântico cerca de 17 toneladas de água por dia.
- Se existisse uma “chaleira gigante” utilizada para evaporar as 20 bilhões de toneladas de água, seriam necessárias 50.000 usinas de Itapu para fornecer a energia necessária.
- Cada árvore, cada copa chega a ter 10.000 espécies de insetos dentro dela, sem contar as espécies de fungos, bactérias, etc.
- A borboleta AZUL chamada MORPHO não possui nenhum pigmento azul em suas asas e sim pequenos cristais que podem se polarizar e assumir esta cor, tecnologicamente falando é uma tela. Quanta tecnologia não há nela.
- O quadrilátero formado pela cidade de São Paulo e os Andes, Cuiabá e Buenos Aires produz 70% do PIB da América do Sul, só não é um deserto devido às chuvas provenientes da Amazônia, uma vez que na mesma latitude encontramos desertos na África e na Austrália.
De súbito foi interrompido por um índio que disse:
— Será que o homem branco não sabe que tirando a floresta vai acabar a chuva e sem ela não vai ter o que comer e o que beber.
O cientista apoiando-se em toda a sua “Ciência” e incrédulo com o conhecimento do índio perguntou-lhe:
— Quem lhe disse isso?
E ouviu a resposta:
— O espírito da floresta nos contou.
Com toda a riqueza, complexidade e maravilha, a floresta se entregava lascivamente ao espírito da floresta e somente a duras penas à ciência do homem branco.
O homem branco e agora cientista sabia que sua tecnologia, seus satélites e computadores não fariam nada mais do que confirmar o que dizia de forma simples o espírito da floresta.
Sabia ele que a floresta morre todo dia, morreu no ano passado, mas este ano não devia, pois a morte dela nos condena.
*Prof. Eduardo José Aloia possui graduação em Eng. Elétrica e mestrado e doutorado em Computação pela Universidade de São Paulo-EESC_USP.
**Os artigos publicados com assinatura não manifestam a opinião de O Defensor. A publicação corresponde ao propósito de estimular o debate dos problemas nacionais e mundiais e de refletir as distintas tenências do pensamento contemporâneo.