Governo de SP apresenta Museu da Língua Portuguesa reconstruído
Com investimento total de mais de R$ 85 milhões, espaço reabrirá ao público após incêndio em 2015.
O Governador João Doria anunciou na quinta-feira (29) a abertura do Novo Museu da Língua Portuguesa, instituição da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo. O espaço será entregue no próximo dia 31, reconstruído após um incêndio que o atingiu em dezembro de 2015, com a presença de chefes de Estado de países lusófonos e ex-presidentes do Brasil.
“São Paulo é o retrato e o espelho do Brasil. Não há lugar melhor para ter um Museu da Língua Portuguesa. Aqui estão as maiores colônias portuguesas de todo mundo, as influências de todas as origens vieram para cá ao longo dos anos, e também brasileiros de todas as origens”, afirmou o Governador.
A reconstrução do Museu da Língua Portuguesa foi estabelecida como prioridade pelo Governo de São Paulo. As obras começaram em 2017 e foram divididas em três fases: restauro do interior e das fachadas; reconstrução da cobertura destruída no incêndio; e intervenções de ampliação e melhoria. A partir de 2019, foi realizada a implantação do conteúdo e das experiências, assim como a iluminação externa e a contratação da equipe.
Visita e coletiva de imprensa no Museu da Língua Portuguesa
Para devolver este patrimônio cultural à população no menor tempo possível, o Governo de São Paulo, em conjunto com a Fundação Roberto Marinho, recebeu o suporte de dezenas de parceiros e apoiadores. O investimento total foi de mais de R$ 85 milhões, incluindo a indenização do seguro e o patrocínio de diversas empresas, além do aporte do Governo do Estado e do apoio da Fundação Calouste Gulbenkian, do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua, do ID Brasil e do Governo Federal, por meio da Lei Rouanet.
“A cena cultural de São Paulo e do Brasil está em júbilo com a reabertura do Museu, esta que é a segunda maior obra cultural hoje no Brasil. A primeira também está em SP, o restauro e ampliação do Museu do Ipiranga”, destacou Sérgio Sá Leitão, Secretário de Cultura e Economia Criativa do Estado.
Todas as etapas da obra foram aprovadas e acompanhadas de perto pelos três órgãos do patrimônio histórico: Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan); Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (Condephaat), órgão de âmbito estadual; e Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (Conpresp).
Ambientes imersivos e tecnológicos
Instalado na histórica Estação da Luz, no coração da cidade que tem o maior número de falantes de português no mundo, o espaço celebra a língua como elemento fundador da nossa cultura. O Museu será devolvido ao público transformado, mantendo o perfil inovador e com ambientes ainda mais imersivos e tecnológicos.
O Museu apresentará nesta nova fase experiências inéditas, como as novas instalações “Línguas do Mundo”, “Falares” e “Nós da Língua Portuguesa”. No térreo, a edificação foi aberta à estação, com o objetivo de estreitar a comunicação entre o espaço cultural e o público. Nos andares superiores, os visitantes encontrarão mais salas. No terceiro piso, foi construído um terraço aos pés da Torre do Relógio, que proporciona uma das mais bonitas vistas da cidade. Este mezanino será dedicado ao arquiteto Paulo Mendes da Rocha, que morreu em maio deste ano. Por fim, a concepção de um Centro de Referência da Língua Portuguesa, com a proposta de funcionar como um fórum de estudos e pesquisas e um território de aproximação entre os países lusófonos.
Infraestrutura supera exigência dos bombeiros
A reconstrução incorpora melhorias de infraestrutura e segurança, especialmente contra incêndios, que superam as exigências do Corpo de Bombeiros. Entre as novas medidas, está a instalação de sprinklers (chuveiros automáticos) para reforçar o sistema de segurança contra incêndio. No caso do Museu, os sprinklers não são uma exigência legal, mas foram uma recomendação dos bombeiros para trazer mais segurança ao projeto. O espaço foi concebido também com recursos de acessibilidade física e de conteúdo. O Museu reabre com Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB), que garante a segurança para todos os usuários da Estação.
Selo LEED e madeira recuperada
A instituição terá certificação ambiental. As diretrizes de sustentabilidade pautaram toda a obra e o Museu obteve o selo LEED (Leadership in Energy and Environmental Design) — um dos mais importantes do mundo na área de construções sustentáveis — na categoria Silver. Entre as medidas estão a adoção de técnicas para economia de energia na operação do museu, a gestão de resíduos durante as obras e a utilização de madeira que atende às exigências de sustentabilidade (certificada e de demolição).
Conteúdo revisto e ampliado
Em sua exposição de longa duração, o Museu terá experiências inéditas e outras anteriormente existentes que marcaram o público em seus 10 anos de funcionamento (2006-2015). Entre as novas instalações estão “Línguas do Mundo”, destacando 23 das mais de 7 mil línguas faladas hoje no mundo; “Falares”, apresentando os diferentes sotaques e expressões do idioma no Brasil; e “Nós da Língua Portuguesa”, um caminho pela presença do idioma no mundo, com os laços, embaraços e a diversidade cultural da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP).
As principais experiências seguem no acervo, como a instalação “Palavras Cruzadas”, que mostra línguas que influenciaram o português no Brasil; e a “Praça da Língua”, espécie de ‘planetário do idioma’, que homenageia a língua portuguesa escrita, falada e cantada em espetáculo imersivo de som e luz.
Com curadoria de Isa Grinspum Ferraz e Hugo Barreto, o conteúdo foi desenvolvido com a colaboração de escritores, linguistas, pesquisadores, artistas, cineastas, roteiristas e artistas gráficos, entre outros profissionais de países de língua portuguesa, incluindo nomes como o músico José Miguel Wisnik, os escritores José Eduardo Agualusa, Mia Couto, Marcelino Freire e Antônio Risério, a slammer Roberta Estrela D’Alva e o documentarista Carlos Nader. Entre os participantes de experiências presentes na expografia estão artistas como Arnaldo Antunes, Augusto de Campos, Laerte Coutinho, Guto Lacaz, Mana Bernardes e outros, em instalações audiovisuais e interativas assinadas por produtoras como SuperUber, FeelScience, 32Bits e MobContent.
Já a exposição temporária de reabertura do Museu, “Língua Solta”, traz a língua portuguesa em seus amplos e diversos desdobramentos na arte e no cotidiano. Com curadoria de Fabiana Moraes e Moacir dos Anjos, a mostra conecta a arte à política, à vida em sociedade, às práticas do cotidiano e às formas de protesto e religião, em objetos sempre ancorados no uso da língua portuguesa.
Terraço Paulo Mendes da Rocha
A Estação da Luz tem uma importância simbólica única. Foi uma das portas de entrada para milhares de imigrantes que chegaram ao Brasil. Era lá que, depois de desembarcarem dos navios em Santos, eles tinham o primeiro contato com a língua portuguesa.
Com a completa recuperação arquitetônica e readequação de seus espaços internos, a instituição museológica manteve os conceitos estruturantes do projeto de intervenção original – assinado pelo arquiteto Paulo Mendes da Rocha e seu filho Pedro, em 2006 – e ganhou aperfeiçoamentos.
No térreo, o museu abre-se à estação, reforçando sua comunicação com a cidade. Nos andares superiores, espaços foram otimizados, novos materiais introduzidos e mais salas instaladas. No terceiro piso, foi concebido um terraço com vista para o Jardim da Luz e para a torre do relógio. Este espaço homenageará o arquiteto Paulo Mendes da Rocha, que morreu neste ano. A nova versão foi concebida por Pedro Mendes da Rocha e desenvolvida nas etapas de projetos pré-executivo e executivo pela Metrópole Arquitetura, sob a coordenação de Ana Paula Pontes e Anna Helena Villela.
Cerca de 4 milhões de visitantes em 10 anos
Em quase 10 anos de funcionamento – de março de 2006 a dezembro de 2015 -, o Museu recebeu cerca de 4 milhões de visitantes e promoveu mais de 30 exposições temporárias. Entre os homenageados com exposições estiveram escritores como Guimarães Rosa, Clarice Lispector, Machado de Assis e Fernando Pessoa, além do cantor e compositor Cazuza. A poesia contemporânea e a arte moderna também foram temas de mostras.
Durante a reconstrução, o Museu continuou em contato com o público por meio de atividades culturais e educativas, como as realizadas no Dia Internacional da Língua Portuguesa, na Estação da Luz, desde 2017, e a mostra itinerante “A Língua Portuguesa em Nós”, apresentada em 2018 em Cabo Verde, Moçambique e Angola, na África; em Portugal e no Brasil. Em 2020 e 2021, o Dia Internacional da Língua Portuguesa foi realizado de forma virtual, com série de eventos online que reuniram artistas de vários países de língua portuguesa.
*Com informações do Portal do Governo do Estado de São Paulo