21 de dezembro de 2024
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Comprar ou alugar um imóvel? Como escolher a opção ideal para você

Por: Larissa Brioso*

Comprar ou alugar um imóvel é um questionamento antigo, mas que provavelmente a maioria das pessoas um dia vai se questionar. Afinal, cada uma das opções carrega consigo benefícios e malefícios.

Por um lado, saber que você está pagando por algo que é seu e ter a garantia de possuir um imóvel pode parecer ótimo. Mas por outro, dependendo da situação, os juros pagos em um financiamento serão muito grandes, o que fará com o que o preço real do imóvel seja muito maior do que o que realmente ele vale.

Na educação financeira quando sugerimos que alguém alugue um imóvel, geralmente estamos incluindo neste planejamento que a pessoa consiga investir parte de sua renda todos os meses para que no futuro ela consiga comprar sua casa própria ou ter uma boa poupança para viver com os dividendos. Porém, nós também temos que avaliar que essa não é uma realidade para todos e que grande parte das pessoas não tem disciplina para investir dinheiro todos os meses por tanto tempo.

Então podemos concluir que essa não é uma questão simples de ser resolvida e que é preciso avaliar de perto cada situação, fazendo simulações e cálculos. Também é preciso entender dois conceitos.

O primeiro é o de ativos financeiros, que são bens, serviços ou, ainda melhor, aplicações financeiras que geram renda. Alguns exemplos de ativos financeiros são as ações, títulos ou imóveis que você aluga para outras pessoas. Ou seja, se está gerando renda, é um ativo. Em contrapartida, os ativos passivos são aqueles que geram despesas ou que dependem de tempo e energia para serem monetizados criando custos de aquisição e manutenção para continuar funcionando. Alguns exemplos de bens passivos são TV por assinatura, carro, roupas e a casa própria para moradia.

Essa explicação conceitual é importante porque estes termos estão totalmente relacionados à educação financeira e a falta de conhecimento sobre essa área afeta, parcial ou totalmente, o orçamento das pessoas, no curto prazo, e a qualidade das suas finanças, no futuro. A partir desses dados sobre bens ativos e passivos analisados sob o ponto de vista financeiro, qual a melhor opção: comprar ou alugar?

Vamos supor que você deseja comprar um imóvel de R$ 500.000,00 por meio de um financiamento e que a valorização anual do imóvel (IPCA anual) seja de 8,06% ao ano, sendo necessário pagar uma entrada no valor R$ 100.000,00 mais os custos de aquisição do imóvel, que variam em torno de 5% do valor total, e o custo efetivo total (CET) anual de 6,91%. Em um horizonte de 30 anos, você terá pago de juros o valor de R$ 403.138,48. Desta maneira, somando a entrada, custos, valor financiado e juros, o valor total pago será de R$ 928.138,48. Por outro lado, caso você decida alugar um imóvel e investir mensalmente o cálculo é diferente. Vamos considerar agora a taxa básica de juros da economia (Selic) a 4,25% ao ano. Fazendo um investimento conservador em renda fixa, como um Certificado de Depósito Bancário (CDB) com rentabilidade de 200% do CDI, com uma aplicação inicial no valor que usaria para dar entrada no imóvel e custos, mais uma aplicação mensal no valor de R$ 1.844,00, em 2051 você terá investido R$ 788.840,00, totalizando R$ 3.855.199,39, contando com os rendimentos da aplicação.

Nesse mesmo cenário, na poupança você receberia R$ 573.760,91 de rendimentos em comparação aos R$ 3.066.359,39 do CDB.

Você também pode considerar a compra do imóvel à vista em 9 anos, tendo em mente esses mesmos valores. Logo, sem considerar a possibilidade de valorização do imóvel ao longo dos anos, com o valor total acumulado em investimentos, alugar seria a opção mais interessante. No entanto, cabe sempre pesar o custo de oportunidade envolvido nas escolhas individuais de cada um. Dado isso, no geral, precisamos também considerar dois pontos importantes para solucionar essa questão:

Planejamento Financeiro

Comprar ou alugar parte de interesses e planejamentos de vida. Logo, não é uma decisão isolada. Sabemos que há quem sonhe em ter a casa própria e quem não enxergue a necessidade ou vantagem em adquirir um imóvel. Neste contexto subjetivo, o planejamento financeiro é um fator primordial. Isso porque a aquisição feita por impulso ou sem medir os impactos da decisão pode transformar o sonho da compra de um imóvel em um pesadelo.

Risco do investimento

Qual a finalidade da compra do imóvel? Para você pode ser uma realização pessoal, mas a quem encare a aquisição como um investimento. Como dito anteriormente, a casa própria é um bem passivo. No entanto, a compra de um imóvel para aluguel é considerado investimento de longo prazo, tanto pela alocação quanto pela valorização no futuro. Nesse sentido, é preciso analisar o preço do imóvel e o valor do aluguel, caso você não efetue a compra. Fora isso, é importante fazer a projeção da inflação e do índice geral de preços do mercado para antever a valorização do imóvel e consequentes reajustes.

Caso opte pelo financiamento, é recomendado analisar entrada, custos e taxas de juros em relação às despesas inerentes a um investimento no mercado financeiro. Portanto, tanto para compensar o risco tomado quanto para equiparar a diferença entre os percentuais apresentados, o imóvel precisa valorizar razoavelmente acima da inflação. Somente assim a compra se mostrará financeiramente vantajosa em relação aos títulos. Dessa forma, na grande maioria das vezes, alugar um imóvel apresenta mais vantagens em relação à compra.

Em todo caso, é muito importante utilizar a calculadora para avaliar se vale a pena ou não a compra. Em plataformas como o Me Poupe, é possível fazer uma simulação entre aquisição e aluguel de imóveis. No momento crucial da tomada de decisão, sonhos, objetivos, condição financeira, padrão de vida, taxas e riscos devem ser ponderados.

*Larissa Brioso é educadora financeira da Mobills.