Artigo: nada mudou
Por: Luís Bassoli*
- A política brasileira é quase indecifrável: criou-se um sistema tão espetacularmente intrincado que não há, no horizonte próximo, nenhuma esperança de se fazer valer os interesses da população – independentemente do resultado das eleições.
- A Constituição de 1988 foi feita nos moldes do “sistema parlamentarista” – na ânsia de se evitar um governo ditatorial, deu-se irrestrito poder ao Congresso, o que gerou o “presidencialismo de coalizão”: o presidente só governa se tiver uma “base sólida” na Câmara e no Senado.
- Rodrigo Maia (DEM/RJ) foi presidente da Câmara por três mandatos, graças ao apoio do Centrão – na última vez, recebeu 334 votos.
- Agora, o mesmo Centrão elegeu Arthur Lira (Progressistas/AL), com 302 votos, após uma escancarada troca de favores/verbas com o Palácio do Planalto.
- É certo que todo presidente da República tem que negociar com vários partidos para conseguir governar.
- FHC, sofisticado intelectual, eleito e reeleito no primeiro turno, teve que se aliar à mais truculenta elite conservadora do Nordeste (ACM, Sarney) para concluir seus mandatos.
- Lula, o maior líder da esquerda, eleito para fazer as mudanças necessárias, foi impelido a dividir a administração com a elite econômica-financeira, com destaque ao PMDB.
- Dilma Rousseff foi eleita por ser uma técnica, uma “administradora fora da política”. Quando se recusou a fazer o jogo do toma-lá-dá-cá com os parlamentares, veio o “grande acordo nacional, com o Supremo com tudo”: Impeachment. Temer assume e faz tudo o que tinha que ser feito…
- O ex-capitão prometeu que não negociaria com os “políticos tradicionais” etc. e tal, mas, desde que assumiu, segue, mansamente, a cartilha do Centrão.
- Artur Lira foi escolhido para blindar o presidente de um pedido de Impeachment.
* Luís Bassoli é advogado e ex-presidente da Câmara Municipal de Taquaritinga (SP).
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