Artigo: O leitor de redes sociais
Por: Prof. Sergio A. Sant’Anna
De fato, o número de leitores, hoje, em nosso País, é maior do que o início deste século. Não há dúvidas. Com a difusão da internet e o uso dos celulares para fins de pesquisas e outras coisas mais, o número supera patamares dantes inimagináveis. O brasileiro pode não ser um leitor adepto ao livro físico, todavia os conteúdos digitais são lidos com afinco (nem tanto assim). Por que nem tanto assim?
Vocês devem estar indigestos com tantas informações que os alimentam sobre essa profusão de assuntos que perpassam pelas redes sociais, todavia o que recebemos são apenas enlatados, conteúdos vazios e que mereciam um pouco mais de análise e conteúdo. Não é isso que acontece. Além de textos apáticos e anêmicos, possuímos leitores indispostos, conduzidos pela azia aos chamados textões. O leitor de redes sociais não foi preparado para composições à Nélida Piñon ou João Ubaldo Ribeiro. Eles não possuem fôlego, procuram as redes sociais pelas amenidades, “fofocas”, segundo os ditos populares. Mas, não restrinjamos nossos amados seguidores a meros reprodutores de conteúdo vespertino, eles possuem cérebros, não são acéfalos, dialogam sim, e hoje estimulam cada vez mais a polarização que se expande pelo mundo e exige pouca profundidade. Basta que suas gírias e jargões estejam atualizados.
Definitivamente, aquele que procura as redes sociais, não está procurando por conhecimento, todavia por entretenimento. As redes sociais tornaram-se a rota de fuga para àquele que almeja distanciar-se dos livros ou mesmo adentrar às discussões “banho-maria”, apenas para falar da vida alheia. Forma-se, neste exato momento, uma rede de apresentadores de vespertinos. Uma patrulha que apedreja e evita apedrejar-se, pois há muitos pecados do outro lado da América. O terreno do vizinho é mais farto, porém por que se preocupar com o dele…
Enquanto alimentarmos essas redes apenas com imagens, textos mentirosos de bons costumes e uma avalanche de hipócritas estaremos fadados a um público de leitores contaminados pelo efeito zumbi. Uma manada de acéfalos que ainda acreditam que a Terra não é redonda, que o presidente estadunidense foi fraudado pelas eleições de seu País, pois não leu os manuais da Ética e dos bons costumes. Por aqui, agora, esperneiam clamando por eleições com cédulas manuais, sem apresentar provas. Um bando de leitores de textos anêmicos de redes sociais. Uma nova categoria de leitores, se assim podemos chamá-los.
*Prof. Sergio A. Sant’Anna – Professor da Rede Adventista em Santa Catarina; Corretor de Textos em “Redação sem Medo”.
**Os artigos assinados não representam necessariamente a opinião de O Defensor!