21 de dezembro de 2024
Artigo / Crônica / PoemasGeralMomento Mulher

Descomplicando a Pediatria – introdução alimentar na infância

Por: Dra. Patrícia Zanin Kamada

Após nova leitura do Guia de Alimentação do Ministério da Saúde, lançado em 2.019, a SBP, Sociedade Brasileira De Pediatria, traz novas reflexões.

Há novas considerações sobre o AME (aleitamento materno exclusivo), indicações de alimentações láctea na impossibilidade do AME, época e esquema simplificado de introdução da alimentação complementar, e principalmente, na ênfase, para que toda criança tenha seu pediatra.

É consenso que o aleitamento materno é a base da alimentação no período do nascimento, devendo ser oferecida de forma exclusiva nos primeiros seis meses de vida e mantida pelo menos até o segundo ano ou mais, sempre que possível.

Torna-se fundamental que gestantes e mães sejam melhor orientadas quanto aos benefícios da amamentação, devendo ser apoiadas para adesão à prática.

Ressalte-se que na impossibilidade do aleitamento natural no primeiro ano de vida, quando foi estimulada a relactação e não foi conseguida, há indicação de uso de fórmula  lácteas infantis, não sendo considerada adequada a introdução de leite de vaca não modificado, nesta faixa etária.

Pois o mesmo, está cientificamente comprovado associações ao maior índice de alergias, obesidade e outras consequências.

Há evidências mais que comprovadas que diante da impossibilidade do aleitamento materno ou da relactação, as fórmulas estão associadas com o melhor desenvolvimento do cérebro, do intestino e do sistema imune, quando comparados ao uso do Leite de vaca integral (não modificado). Destaque-se que o objetivo da alimentação do lactente não é mimetizar o leite materno, qualitativamente incomparável, mas, sim, fazer com que a alimentação se aproxime dos efeitos e benefícios funcionais que o leite materno oferece.

Logo abaixo, a introdução dos alimentos em lactentes divididos em fases:

  • Até o 6 meses: LEITE MATERNO EXCLUSIVO;
  • Dos 6 aos 24 meses: LEITE MATERNO COMPLEMENTADO;
  • Aos 6 meses: frutas amassadas ou raspadas é PRIMEIRA PAPA PRINCIPAL, no almoço ou janta;
  • Dos 7 aos 8 meses: introdução da SEGUNDA PAPA PRINCIPAL, no almoço e janta;
  • Dos 9 aos 11 meses: gradativamente, passa para alimentação da família, ajustando a consistência dos alimentos;
  • A partir dos 12 meses: comida da família, observando se adequado os alimentos incluído pela família.

 Desde a primeira papa, a refeição deve conter cereais ou tubérculos, proteína vegetal ou leguminosas (feijão, soja, lentilha, grão de bico), proteína animal (todos os tipos de carnes, vísceras e ovos), hortaliças (verduras de folhas e legumes).

Devem ser temperados com salsa, cebolinha, alecrim, manjericão, sem adição de sal. Da mesma forma, não há indicação de açúcar simples antes do segundo ano de vida, e mesmo após esta idade, o consumo deve ser esporádico e não rotineiro.

Inserir hábitos alimentares saudáveis é determinante para a saúde do ser humano. O sal, além de aumentar o risco de hipertensão arterial no futuro, modula a percepção das papilas gustativas (sabor)e, com isso, as crianças desenvolvem preferências alimentares por alimentos ricos nesse produto.

Por sua vez, o cheiro verde (salsa e cebolinha), por ser aromatizante natural, deve ser introduzido no final do cozimento, como as folhas, para não perder suas vitaminas e realçar o sabor dos alimentos. Sublinha-se ainda que a adição de açúcar, além de seu alto teor glicêmico e energético, estimula o paladar mais receptivo ao sabor doce, com interferências nas opções alimentares futuras e riscos advindos do seu consumo inapropriado e excessivo.

Com relação ao óleo utilizado para o preparo, recomenda-se que seja do tipo que contém ácido linoleico e alfa-linolênico em proporções adequadas melhor absorção do ômega 3, como óleo de soja, canola e azeite de oliva.

Além de observar esses cuidados, reitera-se a necessidade e a importância de que toda criança seja acompanhada pelo pediatra, de modo sistemático. Aquelas que manifestam dificuldades alimentares ou estejam sendo submetidas à dieta vegetariana ou deoutros tipos restritivos, por preferências familiares, necessitam de um acompanhamento com maior frequência por medidas de segurança.

Observação:

Sem flora intestinal, bebês muito novos são mais vulneráveis à infecção. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recomendou que os pais não dêem mel para seus filhos com menos de um ano de idade. A preocupação é com o botulismo, doença potencialmente fatal causada por bactérias.

O botulismo é uma doença neuroparalítica grave, não contagiosa, causada pela ação de uma potente toxina produzida pela bactéria Clostridium botulinum. É uma doença bacteriana rara, que entra no organismo por meio de machucados ou pela ingestão de alimentos contaminados, principalmente os enlatados e os que não têm preservação adequada. 

A doença pode levar à morte por paralisia da musculatura respiratória.

Embora existam três formas de o botulismo ser diagnosticado, em todas elas as manifestações são neurológicas e/ou gastrointestinais.

As formas do botulismo são:

  • Alimentar.
  • Por ferimentos.
  • Intestinal.

Agora um apelo…

Avós, cuidadores, babás, tem sido observado muito em consultórios, pronto socorros e nas rotinas pediátricas queixas dos pais dizendo: em casa a gente faz certo, Dra, mas é fulano ou ciclano que toma conta dele ou dela de dia.

Nós sabemos que antigamente era assim e que “não tinha problema”.

Mas a medicina evoluiu, os estudos também e consequentemente a descoberta de coisas boas e ruins. Não tirem a autonomia dos pais.

Referências

  1. Texto: Posição da Sociedade Brasileira de Pediatria diante do Guia de Alimentação do Ministério da Saúde.

Aberta para dúvidas!!!!

Obrigada

Dra. Patrícia Zanin Kamada – Pediatria

IG pessoal: patyzkamada

IG profissional: drapatyzkped