A diversidade dos exames para detectar novo Coronavírus no Brasil
Atualmente, três tipos de testes diagnósticos do Covid estão disponíveis no mercado nacional. As diferenças eles para detecção e tratamento da doença são temas desta entrevista com o médico Rafael Jácomo, do Grupo Sabin Medicina Diagnóstica.
Dados divulgados pelo Ministério da Saúde mostram que a Covid 19 já fez mais de 240 vítimas fatais no Brasil e o estado de São Paulo é onde há maior registros de óbitos – até agora, 164 mortes já foram provocadas pelo vírus.
Conter o avanço do novo Coronavírus no mundo mobiliza autoridades de saúde na busca por soluções efetivas de enfrentamento à pandemia e foi atendendo à orientação do Diretor-Geral da Organização Mundial da Saúde, Tedros Adhanom, de ‘testar, testar e testar’, que na última semana o Governo Federal anunciou a ampliação dos tipos de exames no Brasil para combater a disseminação do vírus. Hoje, há três tipos de testes laboratoriais que podem ser realizados com técnicas e tecnologias diferenciadas, ajudando a tornar mais preciso o panorama da doença de norte a sul do país.
O médico Rafael Jácomo, Diretor Técnico do Grupo Sabin, explica que para detectar a presença do vírus, há três metodologias que podem ser aplicadas: o método PCR, onde é coletado material nasal para detecção do RNA (material genético do vírus); os testes sanguíneos para deteção de anticorpos e os testes em material nasal para detecção de antígenos do vírus. “A principal diferença entre eles está no momento de detecção. A princípio, o PCR pode diagnosticar precocemente a doença, porque já aponta a presença do vírus no início dos sintomas. Já os testes para deteção de anticorpos são os indicado para estágios mais avançados da doença, após 5 ou 6 dias e os de detecção de antígenos um pouco antes disso, mas pouso se sabe, efetivamente, sobre a efetividade destes dois últimos”, esclarece.
O tempo de demora para o resultado também varia de acordo com o exame. Segundo o especialista, o teste de PCR envolve procedimentos que podem levar algumas horas, dependendo do instrumento e do procedimento realizado. “Os outros dois podem ser realizados individualmente com resultados em poucos minutos, mas isso depende de toda uma estrutura laboratorial disponível. O que podemos afirmar é que o teste molecular, PCR, é considerado o mais preciso é o que a OMS indica como definidor para diagnóstico”, aponta. Há, ainda um grande risco sobre falsos negativos em resultados dos testes rápidos que detectam imunoglobulinas (IgG e IgM) e a interpretação que se pode ter deles. Para a estratégia de testagem e diagnóstico precoce eles não conseguem dar a resposta que precisamos.
Pouco mais de um mês depois do primeiro caso de Coronavírus no país, o médico destaca ainda que o país está no momento fundamental na busca por soluções efetivas para achatar a curva de contaminação no país e para isso, testar é uma alternativa que pode assegurar a diminuição da incidência da Covid 19. “Em fevereiro, na Coreia do Sul foram realizados quase 400 mil testes de PCR, com uma população de mais de 50 milhões, cerca de 0,7% da população sendo testada. A estratégia de testagem precoce e em massa, associada às medidas de segurança para conter novos casos em áreas de grande incidência é uma das principais ferramentas para achatar a curva. Auxilia na identificação de cidades e regiões onde há aumento da incidência ou de recrudescência de casos, possibilitando ações rápidas e eficazes de vigilância”, complementa.
Já como esteve à frente da equipe de Pesquisa e Desenvolvimento do Grupo Sabin no desenvolvimento do teste para detecção do vírus. “Foram mais de duas semanas de trabalho e conseguimos desenvolver o exame com metodologia própria em 20 dias. Já realizamos mais de 8 mil testes, até o momento e temos capacidade mensal é de cerca de 15 mil exames, com abastecimento continuado de insumos e materiais e nosso método de diagnóstico é baseado em técnicas de PCR, que está muito mais estabelecido e permite o diagnóstico mais preciso da doença”, afirma.