Cultura de paz: um desafio para o ambiente escolar contemporâneo
*Por Aline Dalpian
Em 2 de outubro, celebra-se o Dia Internacional da Não-Violência. A data, também lembrada pelo nascimento de um dos maiores pacifistas da história, o indiano Mahatma Gandhi, foi criada pela Organização das Nações Unidas (ONU) para incentivar e promover a consciência pública sobre a educação pela paz e pôr fim aos conflitos. Além disso, pretende estimular o respeito aos direitos humanos e à justiça. Por isso, neste mês, somos convidados a refletir sobre a temática.
Mesmo com diversas discussões a respeito, o tema ainda gera dúvidas na sociedade. A prática da cultura de paz pode se dar em diversas vertentes. No ambiente escolar, por exemplo, a Comunicação Não-Violenta (CNV) é uma das mais importantes a serem trabalhadas.
O conceito da CNV foi desenvolvido pelo psicólogo Marshal Rosenberg e consiste em utilizar da linguagem e da comunicação para se relacionar com as pessoas de maneira compreensiva, empática e solidária. Dessa forma, boa parte dos conflitos, que tem origem na forma como expomos nossas ideias, podem ser evitados.
Ambientes que estimulem a competitividade, a dominação e até mesmo a agressividade tendem a direcionar as pessoas a ter um comportamento violento no dia a dia. Por isso, é fundamental que haja nas escolas uma cultura de paz que promova diariamente um ambiente saudável para a aprendizagem e a convivência entre alunos, docentes e funcionários.
É por meio da CNV que construímos espaços onde o diálogo, as emoções, os valores e a capacidade de se expressar com honestidade são bem-vindos, seja na vida pessoal, seja na vida profissional.
A técnica da Comunicação Não-Violenta, que precisa ser absorvida em sua potencialidade pelas instituições de ensino, tem diversas fases: a observação, em vez de julgamento; a busca pelos sentimentos, em vez dos pensamentos; o entendimento da necessidade e não das exigências que está por trás dos sentimentos; e a capacidade de saber fazer o pedido.
Preocupadas em proporcionar uma comunidade escolar de paz, algumas instituições já desenvolvem programas voltados para a promoção desses conceitos, valores e práticas por meio de ações educativas que favoreçam a transformação dos conflitos em oportunidades de aprendizagem.
Sabemos que há muitos desafios diários para a promoção da não-violência nas escolas, uma vez que muitos conflitos internos nesse ambiente são reflexos do que acontece longe dos portões das instituições.
A inclusão social, o apoio ao desenvolvimento das comunidades em que as instituições estão inseridas e a atenção às pessoas e aos recursos ambientais são esforços que também devem ser somados para que os resultados dessa luta sejam levados para além dos muros escolares, alcançando as famílias e a comunidade, de maneira geral, formando cidadãos.
A escola não pode ser um mundo à parte dentro da comunidade, utópica e formada apenas por livros e gravuras, mas uma extensão da vida real.
Diante desse embasamento, e considerando a formação integral dos alunos e da condição atual do mundo em que vivemos, faz-se necessária e urgente uma educação para a paz e a não-violência. Debates e reflexões sobre temas como bullying, diversidade, ética, crenças, culturas e linguística precisam ser inseridos na rotina escolar, pois só com a compreensão das diferenças e do respeito que elas merecem é que fomentamos a paz e diminuímos os embates em sala de aula.
A não-violência precisa ser uma linguagem permanente e universal entre professores, funcionários, alunos e as famílias para um trabalho de excelência, para compreender o comportamento do ser humano e os sinais das necessidades dos indivíduos manifestadas por meio de suas condutas. É com a ação de cada um, em cada parte do mundo, que conseguiremos vivenciar um futuro onde a paz seja instituída.
*Aline Dalpian é docente do Senac Jaboticabal.