Artigo: A cicuta e a realidade
Por: Prof. Sérgio A. Sant’Anna
Agora não adianta mais, a cicuta foi ingerida a contragosto, porém caminha obliquamente pelos órgãos dos nossos corpos.
Quando Sócrates foi condenado a beber do veneno governamental, estabeleceu-se que o honesto, o justo teria que provar a sua verdade, enquanto o malfeitor, o desonesto, o malvado (favorito), o hipócrita nada mais teria que provar, lançaria os excrementos e estes soariam como verdades. Não necessitaria mais das verdades de Goeble.
A verdade que os homens do passado carregavam em suas palavras, hoje a cerimônia hipócrita moderna não a tem como fiança. As palavras são ditas incoerentemente, sem base, sem um fundo de verdade, reascendendo chamas apagadas há décadas. É sabido que o Homem sempre tentou demonstrar coerência, no entanto a partir do momento em que a maçã é apanhada, mesmo com um discurso áspero sobre o seu apanhar, sofremos as consequências. Começamos a perceber a deformação da natureza humana.
A genética determinando essa abominável rudeza do ser. Um ser humano inquieto com o seu umbigo, capaz de cometer assassinatos para ver os inimigos apodrecerem e virarem húmus. A incapacidade de se relacionar efetivamente deu lugar aos encontros efêmeros, alicerçados em mundo virtual completamente cego devido à democracia das redes sociais amparadas na ignorância do Humano.
Aquele veneno dado ao provocador, ao entusiasta do saber, ao que buscava a reflexão dos seus semelhantes circula pelos nossos campos venosos, de maneira lenta, efetivo como a foice que corta habilmente os secos bagos de trigo semeados. Somos assombrados pelos humanos.
*Prof. Sérgio A. Sant’Anna – Taquaritinguense. Professor de Redação e Língua Portuguesa na Rede Luterana de Ensino de Porto Alegre e Região Metropolitana; Professor na Rede Universitário de Cursinhos Pré- Vestibulares do Rio Grande do Sul e Professor de Atualidades e Redação do Certo Vestibulares em Porto Alegre.