Raríssima, larva brilhante é descoberta por cientistas no interior de SP
Em Iporanga, interior de São Paulo, pesquisadores encontraram o primeiro organismo terrestre com bioluminescência azul da América Latina. A ‘larva iluminada’ foi registrada por biólogos do Instituto de Pesquisas da Biodiversidade–IPBio, na Reserva Betary, coração da Mata Atlântica no Vale do Ribeira.
Conforme explicam os pesquisadores, essas larvas (Neoceroplatus betaryiensis) têm menos de 2 centímetros de comprimento e três órgãos que emitem luz, sendo dois deles na cabeça e um na cauda. Isso faz com que elas fiquem iluminadas de azul durante a noite, fenômeno biológico denominado bioluminescência.
A bióloga Ana Gláucia da Silva Martins, de 36 anos, explica que o organismo foi descoberto em 2017. “Depois dessa etapa vários outros pesquisadores foram envolvidos, tanto da USP, quanto da UFSCAR e UEPG”, relata. “Para nós de Iporanga isso é muito importante, primeiro porque precisamos conhecer e preservar tudo aquilo que temos, ou seja, essa é mais uma chance de conseguirmos algum resultado em termos de conservação da biodiversidade. E ainda pode representar avanços para cidade”, acrescenta Ana.
[ngg src=”galleries” ids=”19″ display=”basic_thumbnail” images_per_page=”5″]A Mata Atlântica que compõe a cidade de Iporanga tem a maior concentração do planeta de espécies de cogumelos que emitem luz. Por isso durante a noite, é possível enxergar a luz desses fungos.
O professor da USP Cassius Stevani, que também compõe o projeto de pesquisa, explica que as substâncias contidas em algumas espécies bioluminescentes são utilizadas nas áreas ambientais, clínica e de biologia molecular para estudos das células e do câncer, além de ser importante no conhecimento básico da ciência.
“A bioluminescência de vaga-lumes, por exemplo, é usada para detectar vida em Marte. Também há uso para marcação de células e para entender o funcionamento do corpo humano e processos biológicos”, relata.
E foi durante estudos sobre os cogumelos que os pesquisadores encontraram a ‘larva iluminada’, que também emite luz, da cor azul, durante a noite. A descoberta virou artigo científico e ganhou repercussão na imprensa internacional.