Nossa Palavra – O inferno são os outros
O filósofo Jean Paul Sartre costumava dizer em sua filosofia existencial que o inferno são os outros. Quando o político deixa de ser estilingue e passa a ser vidraça, é preciso ter jogo de cintura para enfrentar os percalços. Antes de mais nada, o político deve ter uma visão pluralista, bem democrática. Enfim, pensar grande é o que importa.
Todavia, nem sempre é assim. Incapaz de corrigir seu próprio erro, o político costuma empurrar seus erros e defeitos para o que NÃO foi feito antes de sua administração. Isso não é em nossa Cidade, é em qualquer local do planeta. Para se isentar perante o povo de suas inépcias, é costume o político culpar outros pelo inferno que passa.
Para justificar sua ausência de obras concluídas, o político costuma blasfemar contra as heranças malditas que recebe de governos anteriores. Geralmente são dívidas não-pagas por desafetos que querem ver o circo pegar fogo. Atualmente, esses (maus) políticos vira e mexe caem nas malhas finas da Lei de Responsabilidade Fiscal.
Por isso, quem assume essa função (que é de tão grande responsabilidade) tem que dar a cara para bater e botar direitinho os pingos nos is. Nem sempre a imprensa fica a favor do político de plantão. Não adianta, justamente nesse diapasão, colocar a carruagem na frente dos bois. Mesmo que os cães continuem latindo nos becos.
Tem político que faz questão de culpar até os próprios companheiros de campanha por suas imagens distorcidas pelos anos de governo que se arrastaram. Isso não é de bom alvitre. Não é nada salutar pelo político que pretende alçar voos mais altos na esfera político-partidária. O bom político sabe que esse tem que ser esporte coletivo.
Não se culpa vereadores pela falha cometida pelo Executivo. Vereadores são pagos para legislar e fiscalizar, quem executa são aqueles que mandam. Portanto. Deve-se prestar atenção quando se diz que o edil não faz nada. Na Câmara se pede para fazer. São as indicações, os requerimentos. E os projetos, quase sempre são engavetados.
Lógico que o vereador deve ser combativo, idealista, guerreiro, combater o bom combate. Não nos apetece o edil que só diz amém, lambe botas do prefeito. O povo é imediatista, quer tudo para anteontem e confia sumariamente em sua Câmara de Vereadores. Afinal, não se diz que ali é a verdadeira Casa do Povo? Pois então.
O vereador (ou o prefeito) que olha feio quando recebe uma crítica mais contundente, aquele que perde a compostura ou o senso emocional quando se depara com um adversário mais radical não serve para esse tipo de cargo público. O vereador ou o próprio prefeito é funcionário público. Deve atender as necessidades da população.
Porquanto, não se pode confundir autoridade com autoritarismo. Liberdade com libertinagem. Um líder natural deve sair do meio do povo, emergir das massas populares, como um fênix moderno. Aquele que não nasce para ensinar os cidadãos, mas sim aprende com os ensinamentos emanados do próprio seio popular.
Se o político que pretende ser aprovado pela comunidade não tiver esse dom que vem de Deus, pode dar adeus às suas pretensões político partidárias. Trabalhar com afinco e honestidade, dinamismo e rapidez não faz do vereador um prefeito. É preciso se banhar com carisma e apoio popular. Assim atingiremos o auge do que precisamos.
Para que os outros não sejam um inferno na vida de um político, é necessário um balanço entre os poderes. Não vamos trocar os pés pelas mãos. Afinal, macaco velho não mete a mão em combuca. Vamos ao vai da valsa. Não nos dispersamos em fuxicos e picuinhas. Esse é refrão que devemos tocar nessa etapa que estamos vivendo.