Brumadinho: casos de dengue e outras doenças podem aumentar após tragédia
Rio Paraopeba é uma área com risco de transmissão de esquistossomose.
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), através de um estudo realizado no município após o rompimento da barragem da Mina do Feijão, há 13 dias, alertou que o desastre ainda pode provocar surtos de doenças infecciosas como dengue, febre amarela e esquistossomose.
Até o momento, segundo a Secretaria de Estado de Saúde (SES), não houve registro de enfermidade atípica, mas já são monitorados pelo órgão os males cuja transmissão acontece pela água e pelos alimentos. Houve quatro casos de diarreia notificados na região afetada pelo desastre, apesar de nenhum ter evoluído para estágios mais graves.
De acordo com a Fiocruz, o risco de surtos tem relação com condições pré-existentes na cidade. Em Brumadinho há três doenças das citadas no levantamento. A partir da tragédia, a expectativa é de aumento no número de pessoas infectadas.
A principal hipótese é de que, com a interrupção ou redução do abastecimento, a população comece a armazenar água de forma inapropriada e, assim, crie um ambiente favorável para a proliferação de mosquitos vetores, no caso da dengue e da febre amarela.
Em relação à esquistossomose, transmitida por caramujos, o desequilíbrio do ecossistema causado pela chegada da lama à bacia do Paraopeba pode promover uma proliferação desses vetores, potencializando o perigo de contaminação da população.
O problema se agrava, de acordo com o estudo da Fiocruz, se for levado em conta que grande parte de Brumadinho e municípios ao longo do rio “não são cobertos por sistemas de coleta e tratamento de esgotos”.
Em nota, a Vale informou que atua junto com os órgãos de saúde e disponibiliza “fumacês” para conter a proliferação de vetores que transmitem doenças como dengue e febre amarela.
Ao todo, 1.090 domicílios foram afetados pelo rompimento da barragem da Mina do Feijão, no dia 25, impactando diretamente 3.485 pessoas. Até o momento, 142 corpos foram localizados e 122 identificados.