22 de novembro de 2024
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Crime ambiental: Soltar borboletas em festa de casamento é ilegal

Empresas que comercializam borboletas devem ser denunciadas para o Ibama.

Por conta do modismo, nos últimos tempos, idéias fúteis como soltar borboletas em festas de casamento vêm ganhando espaço em eventos organizados por pessoas que não possuem qualquer senso crítico e consciência ambiental.

Importada dos Estados Unidos e da Europa, onde a prática é comum, a mania chegou ao Brasil. Empresas criam os insetos especialmente para essa finalidade. Elas são então resfriadas em uma temperatura que as deixa desacordadas (desmaiadas), mas não o suficiente para matá-las, e depois enviadas para o casal feliz, que no dia da festa, as soltam para a alegria dos convidados.

O processo a que as borboletas são submetidas chama-se “diapausa induzida”, quando a temperatura corporal é reduzida ao mínimo capaz de manter ativo somente seu metabolismo.

Em 2016, o alerta já havia sido dado por órgãos ambientais de que, no Brasil, a venda e a compra de borboletas para uso “decorativo” em eventos era crime ambiental. Segundo o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), “a violação da legislação está prevista pelo Art. 31 da lei ambiental 9.605/1998, que proíbe a introdução de espécimes animais em um bioma do qual não são próprios, sem parecer técnico oficial favorável e licença expedida pela autoridade competente. Ao soltar os insetos em outro ecossistema, a ação ilegal se enquadra como crime contra a fauna e pode acarretar detenção de três meses a um ano e multa”.

Ao serem introduzidos em um novo habitat, que não o seu próprio, animais podem disseminar doenças para os bichos locais e que não têm sua imunidade preparada para enfrentar diferentes fungos, vírus ou bactérias.

Em julho do ano passado, a organização internacional de proteção animal, PETA, também se pronunciou sobre o assunto.

“Os criadores de borboletas as produzem em massa e enviam-as como carga para qualquer pessoa com um cartão de crédito. Elas costumam ser achatadas e lacradas em envelopes ou caixas minúsculas e depois enviadas para longas distâncias. Muitos são esmagadas ou morrem antes mesmo de chegar a seu destino. A Associação Norte-Americana de Borboletas afirma muitos organizadores de casamentos agora evitam borboletas porque elas frequentemente chegam mortas ou meio mortas … E aquelas que sobrevivem, mas que foram criadas em cativeiro, depois de soltas, se deixadas para se defenderem sozinhas em uma área desconhecida, lutam para encontrar fontes de alimento e geralmente não conseguem sobreviver no novo clima”.

É realmente muita crueldade. Assim como outras espécies, as borboletas também enfrentam a redução de suas populações. Elas não apenas encaram o desafio de se adaptar às mudanças de temperatura na Terra, provocadas pelo aquecimento global, mas assim como aves e outros insetos, sofrem com o uso crescente de pesticidas em lavouras. E com isso, há um efeito dominó. Em toda Europa, estima-se que já houve um declínio de 80% dos insetos, afetando diretamente a sobrevivência das aves no continente.

Empresas que comercializam borboletas devem ser denunciadas para o Ibama através do telefone 0800 618080 ou pelo Canal Linha Verde (http://www.ibama.gov.br/fale-com-o-ibama#ouvidoria)