Nossa Palavra: Sem citar nomes, prefeito deixa em dúvida qual jornal ele considera ‘mentiroso’
Ao falar, sem citar nomes, que um jornal local está publicando uma série de mentiras (ele se refere nominalmente ao ônibus que leva pacientes a Barretos e que, conforme denúncia do vereador Denis Machado na Câmara, não teria dinheiro para pagar o pedágio por causa da falta de renovação do convênio) o prefeito Vanderlei José Mársico peca duas vezes. Primeiro por não revelar o nome do periódico (ele também menciona um colunista do jornal, que ele promete levar às barras da Justiça, que “anda publicando um monte de besteiras”). Como a população fica sem saber a que tipo de imprensa o alcaide se refere, até porque não dá nomeaos bois, todos os jornais da Cidade são envolvidos, generalizando, na acusação do chefe do Executivo, que coloca a imprensa sob suspeita e tenta botar mordaça nos jornalistas que nem mesmo caluniaram ou denegriram a imagem do prefeito Vanderlei. Antes, foram os próprios jornalistas acusados de mentirosos e caluniadores, agora ameaçados pela espada de Dâmocles da censura psicológica que o burgomestre quer impor àqueles que têm opiniões diferentes.
Não sabemos exatamente a qual semanário o chefe do Executivo chama de mentiroso e qual colunista ele considera que anda dizendo “um monte de asneiras” (até porque este O Defensor também publicou a matéria sobre a ambulância que leva doentes a Barretos “ipsis literis”, já que se trata de release enviado pela Assessoria de Imprensa da Câmara Municipal a todos os órgãos de comunicação). No release, inclusive, vereador Denis Machado faz questão de dizer que o “ônibus que está sendo utilizado apresenta condições precárias, inclusive molhando os pacientes em dias de chuva”. Em seu pronunciamento de sábado, o prefeito crucifica com a cruz da repressão o hebdomadário que publicou que “o ônibus está sendo barrado DIARIAMENTE pela falta de pagamento”. Simplesmente o jornal transcreveu o que consta da indicação do vereador Denis Machado, apresentada na sessão ordinária de segunda-feira (dia 7) e transmitida aos jornais e rádios de Taquaritinga. Infelizmente, o alcaide está procurando chifres em cabeça de cavalo, de nossa parte isso não existiu. Publicamos somente o que nos foi passado pelos áudios do Legislativo taquaritinguense.
Desde que assumiu a direção do jornal O Defensor, a Família Bagliotti, principalmente sob a responsabilidade do jornalista Gabriel Bagliotti, procurou impor ao semanário uma linha séria, imparcial, independente, responsável e sobretudo idealista. Não nos ilude o poder, o status social e a vaidade pessoal. Fosse qual fosse o prefeito de Taquaritinga, a terra de nossos pais está sempre acima dos interesses particulares e partidários. Pelo contrário, ficamos (desde que estejamos sendo alvos dessa paranóia) tristes e decepcionados com tal fato, pois todos nós queremos o bem da Cidade e por ela lutamos para chegarmos a um denominador comum. Vanderlei Mársico fala que a partir de agora, em vez de discutir as questões levantadas, irá direto à Justiça Pública. Faz muito mal. Mais do que nunca estamos precisando do debate, do diálogo, do equilíbrio emocional diante de tantas intolerâncias e pavios curtos. Taquaritinga tem que fazer uma mesa-redonda para aparar arestas e lavar a roupa suja.
Falando assim ao léu, sem citar nomes, o prefeito parece tentar impor uma mordaça aos jornalistas em geral ou inibir qualquer critica gratuita como em um passado bem recente, era expediente bem comum por aqui. A liberdade de expressão, é um verdadeiro fantasma dos regimes autoritários e ditatoriais, que foge das liberdades públicas como o diabo foge da cruz. O princípio da gestão pública hoje é discutir, ouvir o que as pessoas têm a dizer, dar o braço a torcer e a mão à palmatória e não tentar impor a sua vontade única e soberana, como dono da verdade absoluta. Com a globalização, ninguém é dono das verdades, como nos áureos tempos dos coronéis e dos chefes dos currais eleitorais. Nós, da equipe d’0 Defensor, esperamos que o alcaide reveja suas atitudes e fale mais clara e abertamente à opinião pública sobre seus propósitos. A imprensa, cremos, está fazendo a sua parte e não pode ser atemorizada com propensas ações e processos judiciais como se fosse uma indústria do medo. Uma vez, nos idos do então prefeito Waldemar D’Ambrósio, o grande jornalista Augusto Nunes fazia questão de escrever que não se deve confundir autoridade com autoritarismo. Autoridade, disciplina e planejamento são essenciais para um bom governo. Faz parte da democracia, senão vira anarquia. Autoritarismo é o governo do medo, da opressão, onde só existe respeito porque existe repressão. Não queremos que a população volte a viver esse ocaso da liberdade. Valha-nos, Jesus!