Por que o Chevrolet Onix vende tanto?
Compacto será líder de vendas pelo terceiro ano consecutivo. Listamos possíveis razões para tanto sucesso
O Chevrolet Onix é um fenômeno. O compacto fabricado em Gravataí (RS) teminará 2017 como o carro mais vendido do Brasil pelo terceiro ano seguido.
Em novembro, foram 18.611 emplacamentos: seu melhor mês desde o lançamento, em outubro de 2012.
Ainda foi o único carro que conseguiu superar a marca de 100.000 unidades emplacadas entre janeiro e novembro. E por muito: foram 171.148 unidades no acumulado, contra as 96.769 do Hyundai HB20, o segundo colocado.
Tudo isso, mesmo após ter sido reprovado nos testes de colisão do Latin NCAP.
Mas o que será que fez o Onix desbancar modelos consagrados, como Volkswagen Gol e Fiat Palio, e permanecer no posto mais desejado da indústria automotiva? Tentaremos descobrir.
Mesmo com cinco anos de lançado, o projeto do Onix ainda se mostra atual. O design, atualizado em 2016, é atual, o acabamento é correto e o espaço interno é razoável. A suspensão é bem acertada e transmite robustez característica dos Chevrolet. Mas não dá para dizer que o Onix é o melhor de seu segmento nestes aspectos.
O Onix não é um carro alto, mas dá essa impressão a quem senta nos bancos da frente. Os bancos dianteiros são altos – mesmo na regulagem mínima – e o painel é baixo e recuado.
É algo que, quase de forma subliminar, dá sensação de poder e ajuda a preservar o espaço para as pernas de quem vai no banco de trás. Só é ruim para os mais altos: o espelho interno fica na linha de visão e dificulta a visibilidade de placas e semáforos.
O hatch se beneficia por compartilhar a plataforma com a GSV (Spin, Cobalt, Prisma e do falecido Sonic), o que lhe dá uma vantagem de construção.
Os motores 1.0 8V de 80 cv e 1.4 8V de 106 cv do Onix não são novos, mas receberam atualizações junto da reestilização. Não têm os melhores números de potência e torque, mas entregam desempenho honesto, bons números de consumo e têm boa fama nas oficinas.
De acordo com os testes da revista Quatro Rodas, o motor 1-litro fez 10,6 km/l na cidade e 15,4 km/l na estrada, e precisou de 14,6 s para chegar aos 100 km/h. O1.4 marcou 11 e 14,2 km/l nos mesmos regimes e abastecido com gasolina. Seu tempo de 0 a 1oo km/h foi de 12 s.
No primeiro semestre, as versões 1.0 do Onix responderam por 60% nas vendas. Destes, 56,3% eram da versão Joy, que mantém o visual antigo do Onix. Se o Onix não tem motor três cilindros, é o único 1.0 com câmbio manual de seis marchas e a marcha extra alivia o motor em regime rodoviário.
Entre as vendas do 1.4, 38% tinham câmbio automático, um número considerável para um compacto. Talvez o segredo esteja no próprio câmbio. É um automático de seis marchas, não quatro como o Toyota Etios, nem automatizado como nos Fiat Argo Drive 1.3, VW Gol Comfortline 1.6 I-Motion ou Renault Sandero Easy´R. Só Hyundai HB20 1.6, Citroën C3 e Peugeot 208 têm câmbio semelhante.
A central MyLink também tem culpa. Disponível desde o lançamento do Onix, ela democratizou as centrais multimídia entre os compactos. No início não tinha funções muito avançadas, mas hoje é compatível com Apple Carplay e Android Auto.
Hoje o MyLink é mais comum nas versões do hatch do que o computador de bordo. Apenas quem levar para casa as versões LTZ e Activ terá informação de consumo no quadro de instrumentos, mas o MyLink é opcional de R$ 1.400 na versão LT 1.0 e de série nas LT 1.4, LTZ, Activ e Effect.
Na edição especial Melhor Compra deste ano, o Chevrolet Onix teve o segundo menor índice de desvalorização entre todos os modelos avaliados. Seus 8,3% de depreciação no primeiro ano só são superados pelos 4,5% do Honda HR-V EX.
Em outras palavras, hoje qualquer outro concorrente direto do Onix perde mais valor no primeiro ano de uso. E se tem uma coisa que o brasileiro detesta é perder dinheiro na hora de vender o carro, principalmente em um momento de crise.