Crônica: As Redes Sociais me deixam burro demais?!
Por: Sérgio Sant’Anna*
Lembro-me de uma música inspiradora e que nos fez refletir e ainda o faz, “Televisão”. Cantada pelos Titãs e de composição de seus geniais músicos-escritores a canção ecoou em meados dos anos 1980 e com sua crítica ácida ao meio de comunicação manipulador, através dos monopólios televisivos, a música acabou me marcando. Alusões a alguns programas e a utilização de figuras de linguagem transformou a composição em um belo exemplo a ser estudado por diversos ramos da Língua Portuguesa – em especial a Análise do Discurso.
Mas hoje a televisão tem sim sua manipulação, porém as opções, através de uma gama de canais abertos ou fechados, somos postos a escolhas e estas deságuam no bom senso dos cidadãos que os procuram. E isso é o que acontece com a aberração que se transformou as redes sociais. Calma lá! O meio é vasto, progressivo, no entanto há que se lapidar, procurar aquilo que nos faz bem, que nos impõem a pensar, a buscar a reflexão.
As críticas aos mais jovens sempre permearam a História. Peças clássicas de nossos mais renomados expoentes gregos datavam o abuso dos jovens diante do Senado. São históricos sim, porém versa pelo campo psicológico. E a questão é o que esta geração vem fazendo com as informações, que o diga a má informação. Sítios, blogs, páginas no facebook etc. lançam-se ao ridículo, ao tudo é possível, então não me preocupo mais com aquilo que ofereço ao meu interlocutor. Se de um lado há o pudico diante do politicamente correto (PC), do outro existe a banalização das parcas e grotescas informações. Construções agramaticais, publicáveis nas redes sociais, pois esta convive com uma liberdade transformada em libertinagem em função desta falta de percepção, apuração. E aí não compactuo com a censura, mas sim com a elaboração das mensagens que almejo lançar. Nas redes sociais tu não estas diante do antigo diário, suas mensagens serão lidas, compartilhadas etc. e cabe ao mensageiro, ao missivista dominar o processo de elaboração (e aqui não falo das questões ligadas aos aspectos gramaticais da construção textual). Os textos devem dotar da mais pura e contundente liberdade, mas devemos pensar ao elaborar nossos discursos.
E a nossa função como professores, escritores, jornalistas ou cidadãos é povoar este mundo virtual de postagens que busquem o bem, que incentivem o pensar, que provoquem os interlocutores a refletirem. Postar simplesmente por postar não cabe mais. As mensagens devem ser dotadas de conteúdo, no entanto aquele que nos retire desta zona de conforto.
*Sérgio Sant’Anna é Professor de Redação no Poliedro, Professor de Literatura no Colégio Adventista e Professor de Língua Portuguesa no Anglo.
**Os artigos publicados com assinatura não manifestam a opinião de O Defensor. A publicação corresponde ao propósito de estimular o debate dos problemas municipais, estaduais, nacionais e mundiais e de refletir as distintas tendências do pensamento contemporâneo.