Nossa Palavra – A luta contínua contra a poliomielite
Uma missão que não pode parar!
O Dia Mundial de Combate à Poliomielite, celebrado em 24 de outubro, traz uma reflexão essencial sobre os avanços na saúde pública global e a importância da manutenção dos esforços para erradicar doenças preveníveis. A data, que homenageia Jonas Salk, o pioneiro da vacina contra a pólio, carrega um alerta: o perigo do retorno da doença, impulsionado pela queda nas taxas de vacinação, continua a ser uma ameaça real.
No Brasil, o último caso de poliomielite foi registrado há mais de três décadas, em 1989. Graças a campanhas de vacinação em massa e à mobilização de toda a sociedade, o país foi certificado, em 1994, pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) como livre da doença. A erradicação, no entanto, não deve ser encarada como um ponto final. Pelo contrário, é um marco que precisa ser defendido diariamente com ações preventivas, sobretudo num cenário de queda global das coberturas vacinais.
A poliomielite, outrora uma ameaça constante, ainda persiste em países como Afeganistão e Paquistão, locais onde a guerra, a pobreza e a falta de infraestrutura prejudicam os esforços de imunização. Entretanto, o perigo não está restrito a essas regiões. O ressurgimento da doença é uma possibilidade real se as taxas de vacinação continuarem a cair. O Brasil, que uma vez liderou uma das campanhas mais bem-sucedidas do mundo, não está imune a esse retrocesso. E é justamente esse declínio na vacinação que pode reverter décadas de conquistas.
O perigo não está apenas na poliomielite. A negligência com o calendário vacinal tem feito ressurgir doenças que, até pouco tempo, eram consideradas controladas, como o sarampo. Essa crise da saúde pública revela um desafio global: a falta de confiança nas vacinas. Em parte, o problema é impulsionado pela desinformação, amplificada nas redes sociais, onde teorias conspiratórias e falsas alegações prosperam, minando os esforços de conscientização e colocando a saúde pública em risco.
Nesse cenário, iniciativas como a do Rotary, que há mais de 35 anos lidera a luta global contra a pólio, são fundamentais. O trabalho da organização, que já vacinou bilhões de crianças e mobilizou recursos imensos, é um exemplo de como a sociedade civil pode fazer a diferença. No entanto, o sucesso dessa luta depende de um esforço conjunto. Governos, organizações internacionais, entidades de saúde e a própria população precisam se unir para garantir que as coberturas vacinais voltem a subir.
A substituição gradual da vacina oral pela injetável, promovida pelo Ministério da Saúde, é uma estratégia importante, mas que só será eficaz se houver conscientização. É preciso que os pais entendam que a vacinação de seus filhos não é apenas uma escolha pessoal, mas um compromisso com a saúde coletiva. Cada criança não vacinada é uma porta aberta para o retorno de doenças já vencidas, e, no caso da pólio, essa negligência pode custar caro.
Em um mundo onde a poliomielite está prestes a ser erradicada, a possibilidade de que essa doença volte a paralisar crianças por falta de vacinação é uma tragédia anunciada. O Dia Mundial de Combate à Poliomielite, mais do que uma celebração, é um chamado à ação. Não podemos permitir que o esforço de décadas seja perdido. O combate à pólio – e a tantas outras doenças – é uma luta contínua, e cada dose de vacina é um passo em direção a um futuro mais seguro.