12 de outubro de 2024
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Artigo: Obrigado e até breve!

Por: Caio Forcel*

De início, quero agradecer meu parceiro de chapa, Mauro Morelatto, minha esposa Loyane, todos os candidatos a vereador que estiveram comigo e, principalmente, os eleitores.

Passada a ressaca eleitoral, diante da derrota, resolvi escrever para refletir sobre tudo que vivi na política até aqui, até as eleições de 2024.

Decidi, ao rascunhar esse texto, fazer uma retrospectiva íntima sobre a vida pública que quis adotar até então.

Sou levado para o meu aniversário de 7 anos, na minha casa, no Jardim Bela Vista, onde ganhei a primeira estrelinha do PT – da persistente professora Mirian Ponzio, amiga da minha família e, certamente, naquele momento, o primeiro “beliscão” para a política.

Talvez pela ausência do meu pai, que por quase minha vida toda esteve preso, desde criança, por força do destino, fui forçado a amadurecer mais cedo que meus colegas.

Somado ao amadurecimento, o fato de ser comunicativo me ajudou a chamar atenção aos 11 anos, quando decidi procurar pelo prefeito e vereadores para reclamar das condições da minha escola, o Modesto Bohrer, e da falta de lazer no bairro.

Pronto. Mais um beliscão para a política: o microfone da rádio Canal Um na minha cara, na porta da escola, me entrevistando, em seguida as capas de jornais, aplaudindo uma criança a tomar tais caminhos, me fascinou.

Da militância estudantil, comunitária, para a militância partidária foi um pulo. Mais uma vez através da professora Mirian Ponzio, lá estava eu, novamente, sendo beliscado pela política, tendo a oportunidade de participar de reuniões com autoridades ainda mais elevadas: prefeitos da região, deputados, senadores e até de presidentes da República – todos, sempre, respeitosos com uma criança que se metia a fazer pronunciamentos, análises sobre a condução dos governos, do partido, da política.

Até que o então médico Dr. Fulvio Zuppani resolve se filiar ao PT, partido que eu militava, e me “adota”, me dando espaço para trabalhar com ele, primeiro em seu consultório médico e, mais tarde, quando eleito, na prefeitura.

Até aqui, tudo era motivo de orgulho, de entusiasmo. Porém, não demorou para começar a sentir os incômodos que fazer política, numa cidade dominada pelo conservadorismo, poderiam me atacar.

Do sonho de participar de um governo do PT, que iria acabar com as oligarquias que dominavam a cidade, ao pesadelo de pedir demissão por não concordar com os rumos que a Administração que ajudei eleger estavam tomando.

Acolhido, rapidamente, no mandato da deputado estadual Beth Sahão (PT), permaneci até 2019, cinco anos de uma experiência extraordinária.

Pouco antes, no meio do caminho, decidi sair do Partido dos Trabalhadores, seguir militância em outras bandas, já um tanto descrente da política partidária.

Sempre fui respeitado, mas sentia que não era aceito pelos grupos dominantes, não foram raras as vezes em que fui alvo de “chacota”, comentários maldosos, na tentativa de me descredibilizar e interromper minha jornada.

Entretanto, para mim, política nunca foi questão de cargo e sim de carga, de projeto, de amor a uma ideia – e nada me faria parar.

Decidi ser candidato a deputado estadual, fiz as contas e acreditei que dava para desenvolver um trabalho regional para eleger um novo representante na Alesp.

Busquei partido, apoio, só que o jogo de interesses daqueles que visam ganhar dinheiro na política, se mostrou muito forte.

Consegui mais de 6 mil votos, porém, fiquei longe de alcançar o objetivo.

Insistente, quis enfrentar o mundo, lançar uma candidatura a prefeito, na marra, acreditando que sola de sapato, coragem e projeto debaixo do braço (aliás, bons projetos, diga-se de passagem) seriam o suficiente para vencer os grupos dominantes que lucram com a desgraça do povo ignorante da cidade.

Falhei. Fui o último colocado nas eleições de 2024.

Parafraseando o grande Darcy Ribeiro, posso admitir que fracassei em tudo que tentei na vida, ao tentar fazer dos mandatos em que estava um lugar de luta em prol de quem mais precisava, em ser o candidato a deputado que estivesse engajado na defesa dos interesses regionais e dos autistas, em ser o prefeito com o melhor plano de governo para Taquaritinga.

Fracassei, mas os fracassos são minhas vitórias. Definitivamente, não gostaria de estar no lugar dos que me venceram.

Acabada a eleição, as esperanças e os sonhos, inevitavelmente, são abalados.

Espero em Deus que seja apenas em meu coração e não dos meus irmãos taquaritinguenses.

Honestamente, não desejo mais participar do processo político em Taquaritinga, ou pelo menos enquanto houver essa dominação “medieval”, por meio do uso da imprensa, clubes de serviços, sistema de saúde e, sobretudo, do dinheiro, que faz reinar vontades quase sempre incompatíveis com as necessidades populares.

Ao prefeito eleito, Dr. Fulvio, desejo saúde e sorte.

Aos meus adversários – e também amigos, Renato e Aristeu – desejo resiliência e perseverança.

Por fim, reitero minha gratidão aos meus amigos, apoiadores e eleitores.

Que Deus possa libertar nossa cidade!

*Caio Forcel foi candidato a prefeito em 2024 pelo Solidariedade.

**Os artigos publicados com assinatura não manifestam a opinião de O Defensor. A publicação corresponde ao propósito de estimular o debate dos problemas municipais, estaduais, nacionais e mundiais e de refletir as distintas tendências do pensamento contemporâneo.