20 de dezembro de 2024
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Crônica: Cadeira – substantivo concreto

Por: Sérgio Sant’Anna

Uma das indefinições ou explicações proferidas de maneira errada, talvez pela ausência de experiência docente ou mesmo por uma parca leitura, é apontar ao substantivo concreto a definição de que é tudo aquilo que se pode tocar. Não é. Trata-se de um substantivo cuja definição apresenta-o como concreto quando os seus elementos podem ser imaginados. Logo, Deus, diabo, Saci Pererê, lobisomem são concretos. Durante o básico ensino essa dúvida perambulou comigo, todavia no Ensino Fundamental II, através da sensacional professora Eleuza Molinari, pude aprender. Contudo, fora no Ensino Médio, na Escola Técnica Estadual Dr. Adail Nunes da Silva, com a competência e intertextualidade do Prof. Wágner, minha percepção ampliou-se e ali o despertar para seguir nesta nobre tarefa de ensinar com às condições relacionadas a outros textos difundiu-se. Tornei-me professor, passei a exercer a função de redator. Hoje escrevo crônicas, e as cenas do cotidiano atraem-me.

Na próxima semana adentaremos a última semana para a corrida ao Paço e Câmara Municipal, logo, os ânimos estarão mais exaltados, principalmente por aqueles que espiam as mordomias saindo pela janela com a derrota que se avizinha. Em Taquaritinga, assim como São Paulo, Porto Alegre, Floripa ou mesmo aqui em Tubarão, não é diferente. A cadeirada dada por Datena em Pablo Marçal é o reflexo dessa polarização. Porém, não é só isso. A ausência de argumentos e de um plano de governo apresentados pelo candidato ex-coach é o retrato da estratégia argumentativa utilizada por esses que se lançam à seara política-partidária pregando aquilo que jamais conseguirá implantar. E é isso que acontece com Marçal. Dono da pirotecnia e dos cortes. Sem argumentos, projetos e do progresso, o aspirante à prefeito se restringe aos xingamentos e acusações infundadas, alimentando a ira de seus oponentes. Não resta dúvida que o apresentador jornalístico errou, faltou-lhe elementos argumentativos, mas Marçal luta, abusa e exagera na busca para se fazer de vítima, atraindo uma legião de fãs que se compadecem da sua vitimização. Foi dessa forma que uma facada elegeu um presidente, assim como o peito de aço elevou Fernando Collor ao patamar de pior presidente da República antes de Bolsonaro.

O que se espera de uma campanha político-partidária é que nossos aspirantes sejam cordiais, exerçam ao real significado da palavra “candidato” e sejam cândidos. Perder essa polidez através de uma cadeirada ou qualquer outra agressão física é expor seu despreparo gestor, todavia pior é alimentar a ira de uma população através de mentiras e falsas perspectivas e ideais. Cadeira continua a ser um substantivo concreto e o objeto mais vendido na última semana.

*Sérgio Sant’Anna é Professor de Redação no Poliedro, Professor de Literatura no Colégio Adventista e Professor de Língua Portuguesa no Anglo.

**Os artigos publicados com assinatura não manifestam a opinião de O Defensor. A publicação corresponde ao propósito de estimular o debate dos problemas municipais, estaduais, nacionais e mundiais e de refletir as distintas tendências do pensamento contemporâneo.