6 de novembro de 2024
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Crônica: O uso do celular nas escolas: crônica de uma morte anunciada

Por: Sérgio Sant’Anna*

Há algumas semanas venho pensando de maneira enfática sobre o uso dos celulares nas escolas. Sinceramente, desde o início da permissão e integração deste meio de comunicação nas esferas pedagógicas sempre optei por não utilizá-lo diante das minhas atividades. Pautei-me pelo caminho da pesquisa física, ou seja, nada de tentar me comunicar com o senhor Google para a busca de informações. Mas, confesso que diante daquela preguiça que nos acomete durante os finais de semana, após uma jornada intensa de mais de 40 aulas, é difícil resistir. Continuo com a minha saga, resistir ao irresistível.

Semana passada, em uma reunião pedagógica de um colégio de Ensino Médio, citei minha preocupação diante do uso desenfreado deste aparelho ao longo das aulas. Que mesmo com câmeras, os alunos não se intimidam. Acreditam que este aparelho é a salvação da lavoura. E o que mais me deixa preocupado é que com a aproximação dos vestibulares ainda há aqueles que acreditam que o dinheiro dos pais resolverá toda a sua situação de ausência cerebral. Prefiro o ufanismo, principalmente diante de uma sociedade que ainda culpa o professor pela falta de educação dos seus filhos. Pobre geração, que distante da tela não pode nos oferecer. Limitados pela ignorância que não reflete para mudar, transformar-se.

Ontem, a ONU soltou um documento em que manifesta sua preocupação com o uso excessivo do aparelho celular na escola. O Brasil está nesta lista pelo excesso do uso. Prejudicial. Uma afronta à análise e inteligência humana. Ou seja, estamos criando zumbis. Seres apáticos, que não reagem diante da complexidade textual. Não são capazes de lerem por alguns minutos, concentrarem-se diante de algumas linhas. Agora indago: qual a necessidade de um aluno estar com o celular na escola? Se o responsável tiver que ligar para o filho, ele que procure a Secretaria da Escola ou Colégio para tal. Sempre foi assim… De fato, o pulso firme do Colégio em atuar com a proibição é o que fará com que essa celeuma seja sanada e essa dor de cabeça que começa a aflorar seja diminuída. Em colégios particulares a coragem escondida é alicerçada pelas mensalidades pagas, pais e alunos clientes. O mal do colégio particular é estar refém desta ingrata situação. E cada vez mais essa espécie de pais assume um papel dantes intolerável pelas direções rigorosas.

Caso, uma campanha e até mesmo a lei de uso de celular nas escolas e colégios não seja cumprida, seremos tragados pela escória da sociedade e colonizados por zumbis que assumirão o papel de protagonistas. O celular é o engodo da sociedade.

*Sérgio Sant’Anna é Professor de Redação no Poliedro, Professor de Literatura no Colégio Adventista e Professor de Língua Portuguesa no Anglo.

**Os artigos publicados com assinatura não manifestam a opinião de O Defensor. A publicação corresponde ao propósito de estimular o debate dos problemas municipais, estaduais, nacionais e mundiais e de refletir as distintas tendências do pensamento contemporâneo.