23 de dezembro de 2024
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Crônica: A ausência da leitura e o surgimento das vozes dos animais

Por: Sérgio Sant’Anna*

Sabem que a escrita é um desafio. Passar a escrever diariamente não é uma tarefa fácil, porém quem foi aquele quem disse que seria “mamão com açúcar”? Não sei. Não me interessa.

O que eu gostaria é que mais pessoas pudessem ler. Ler com aquele olhar crítico, com a paciência de outrora, com a vontade de aprender. Não com está ânsia que acomete esses pseudoleitores de manchetes, que saem por aí espalhando fake news.

Esses que podem ler e não leem são egoísta, usufruem de um dos maiores poderes que o ser humano possui como mortal e não o utilizam. O escritor, poeta, gaúcho Mário Quintana afirmou: “O pior analfabeto é aquele que sabe ler e não lê”. Infelizmente essa é uma caravana que só aumenta, náufragos que estão submersos pela esquisitice das redes sociais, ludibriados pelo encantamento das facilidades, liderados por serpentes que almejam o mal. Enquanto livrarias e editoras fecham pelo Brasil, cresce o número de políticos que se enriquecem nesse meio; homens e mulheres que fazem desse campo de batalhas o progresso do próprio benefício. Estes que um dia adentraram à sua residência, de maneira presencial ou virtual, e nem se quer pediram licença, todavia te convenceu e tu os elegeu. Sem a análise desejada, a reflexão pretendida, as opções elencadas…

Tu que não leu, contribuiu para que chegássemos as situações ridículas, cujos legisladores e executores estão pouco se importando para que o cidadão seja atendido. O que mais se vê em sessões das câmaras municipais e federal são agressões pessoais alimentadas pelo ânsia de ocupar uma cadeira e ser beneficiado pela Mãe-Pátria. Esta que recebe o dinheiro de nossos impostos e a nós nada devolve.

Enquanto nosso país tiver menos bibliotecas que a cidade de Buenos Aires, enquanto a leitura não deixar de ser taxada como um fardo, ou o livro não fizer parte da cesta básica do brasileiro, estaremos condenados a sermos liderados, conduzidos por relinchos, zunidos, coaxos, roncos e latidos…

*Sérgio Sant’Anna é Professor de Redação no Poliedro, Professor de Literatura no Colégio Adventista e Professor de Língua Portuguesa no Anglo.

**Os artigos publicados com assinatura não manifestam a opinião de O Defensor. A publicação corresponde ao propósito de estimular o debate dos problemas municipais, estaduais, nacionais e mundiais e de refletir as distintas tendências do pensamento contemporâneo.