Artigo: Sérgio Rossi, um Servidor Público
Por: Dimas Ramalho
A grandeza de uma instituição repousa nos homens e mulheres que fazem parte de sua história. Ao longo dos seus 100 anos, o Tribunal de Contas do Estado de São Paulo teve o privilégio de contar com profissionais que lhe trouxeram respeito, admiração e prestígio. A esse grupo notável pertence, sem dúvida nenhuma, Sérgio Ciquera Rossi, cujo ato de aposentadoria foi publicado no Diário Oficial nesta semana.
Figura relevante da trajetória do TCESP, Sérgio teve durante mais de cinco décadas de atuação no tribunal uma carreira de raro brilhantismo. Nomeado em agosto de 1970, ocupou os cargos de auditor, assessor técnico de gabinete, diretor técnico de divisão e chefe de gabinete de conselheiros e da presidência, chegando a atuar inclusive como substituto de conselheiros. Em 1989, assumiu a posição de secretário diretor-geral do TCESP, função que exerceu com competência ao longo dos últimos 34 anos.
Tendo assumindo esse último posto logo após a promulgação da Constituição de 1988, que redefiniu a função dos tribunais de contas, Sérgio cumpriu um papel fundamental de transição e de consolidação de um novo formato do controle externo.
Conheço Sérgio Rossi desde muito antes da minha chegada ao TCESP. Em 1996, ainda deputado estadual, promovi, em parceria com ele, um encontro educativo entre o Tribunal de Contas do Estado de São Paulo e gestores públicos da região de Araraquara. Assim como eu, Sérgio sempre foi um defensor de que o tribunal transpusesse os próprios muros e se aproximasse da sociedade e dos jurisdicionados.
O enorme sucesso do evento ajudou a firmar a ideia de que o tribunal precisava fortalecer sua presença no Estado, para orientar e esclarecer prefeitos, secretários e vereadores sobre as boas práticas de administração e o uso correto do dinheiro público. Surgia aí o Ciclo de Debates para Agentes Políticos e Dirigentes Municipais, que, desde 1997, é realizado todos os anos.
Durante essa nossa primeira parceria, pude notar –e admirar– características suas que a convivência posterior viria a tornar evidentes: grande capacidade de trabalho, empenho profissional, dedicação a toda prova, sempre de portas abertas aos jurisdicionados. Em poucas palavras, um servidor público exemplar.
Com ele, o tribunal evoluiu. Em 53 anos no TCESP, Sérgio formou gerações, ajudou a redigir atos estratégicos para a instituição, propôs aprimoramentos do modelo de fiscalização e foi um elo forte entre todos os conselheiros e funcionários.
Eu costumo brincar que Sérgio Rossi está há tanto tempo neste tribunal que ele parece ter nascido aqui. Basta olhar a sua trajetória, contudo, para perceber que na verdade foi um tribunal –mais moderno, ativo, respeitado e próximo da sociedade– que nasceu com Sérgio Rossi.
Dimas Ramalho é Conselheiro do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo.
**Os artigos publicados com assinatura não manifestam a opinião de O Defensor. A publicação corresponde ao propósito de estimular o debate dos problemas municipais, estaduais, nacionais e mundiais e de refletir as distintas tendências do pensamento contemporâneo.