Artigo: Caminhos do agro 4.0 para o 5.0: preparando o futuro, hoje
Por: Marcus Rogério de Oliveira* e Luciana Aparecida Ferrarezi**
Conforme tratado em nosso artigo anterior, o agronegócio passa por um momento de grandes mudanças com as novas tecnologias digitais capazes de revolucionar a forma de produzir alimentos e energia. Já se fala na agricultura 5.0 para designar a próxima fase de disruptura tecnológica no campo, com soluções avançadas de automação, inteligência artificial e agricultura vertical.
Mas, antes de pensar no futuro, é preciso dar passos firmes no presente. E para a maioria dos pequenos e médios agricultores brasileiros, o desafio atual é começar a incorporar as tecnologias 4.0 disponíveis.
Felizmente, existem muitas práticas simples e de baixo custo para iniciar essa transição digital dos processos produtivos no campo. O primeiro passo é mapear tudo que acontece na lavoura e na propriedade por meio de planilhas digitais, aplicativos ou softwares especializados. Alimentando essas ferramentas com informações detalhadas sobre custos, atividades realizadas, insumos utilizados, condições climáticas, ocorrência de pragas, produtividade e lucratividade por talhão etc., o produtor terá mais dados que permitirão tomar decisões baseadas em mais informações.
Avançando no processo de levar mais tecnologia ao campo, o produtor pode instalar estações meteorológicas automáticas e sensores básicos de umidade e nutrientes no solo. Assim, toma decisões mais assertivas de irrigação e fertilização. Para poupar, pode-se começar com menos sensores e ir escalonando conforme os resultados vão chegando.
Além disso, já estão disponíveis temporizadores e sensores de umidade do solo que permitem automatizar quando e quanto irrigar. Isso economiza água, energia e mão de obra. Há opções mais simples e outras mais sofisticadas dentro desse conceito que podem ser adotadas de acordo com a realidade orçamentária.
Um fator fundamental é trazer para o campo uma internet de qualidade e estável tanto na área de plantio como na sede. Este é um gargalo frequente a ser enfrentado, mas redes de celulares vêm evoluindo e alternativas como Starlink estão sendo disponibilizadas a um custo viável.
Essas são apenas algumas ações iniciais, de baixo custo e fácil implementação para produtores começarem a trilhar o caminho rumo a uma agricultura mais tecnológica e competitiva. Quanto antes embarcarem nessa jornada, mais chances de consolidar as bases para, no futuro, adotar inovações mais avançadas e disruptivas que virão com a agricultura digital 5.0.
Um importante aliado do agricultor nessa transição tecnológica é o Núcleo de Inteligência Artificial e Agricultura 4.0 da Fatec Taquaritinga que, por meio de parcerias com empresas, cooperativas e entidades do agronegócio regional, vem se consolidando como polo disseminador de conhecimento aplicado, capacitação prática e projetos de pesquisa para acelerar a tão almejada transformação digital no campo.
O Núcleo, por meio dessas parcerias, disponibiliza cursos, seminários técnicos, palestras e acompanhamento. Vale ressaltar que a Fatec, com sua expertise agrícola, já vem realizando a mais de 5 anos o seu o intercâmbio de experiências para difusão de boas práticas entre os produtores rurais da região e já possibilitou que muitos deles alcançassem um nível maior de produtividade e lucratividade. Além disso, também desenvolve soluções customizadas de automação, conectividade e análise de dados, com foco nas necessidades e realidade orçamentária das pequenas e médias propriedades. O objetivo é democratizar o acesso aos ganhos da agricultura 4.0 para todos.
Trata-se de uma iniciativa estratégica para disseminar conhecimento, promover a colaboração e o empreendedorismo regional e formar uma nova geração de profissionais tecnólogos e pesquisadores aptos a incorporar inovações digitais no campo e a apoiar o agronegócio em nossa região.
* Marcus Rogério de Oliveira, Professor da Fatec, é mestre em Ciência da Computação pela USP e doutor em Biotecnologia pela UFSCar.
**Luciana Aparecida Ferrarezi é Diretora de Fatec de Taquaritinga. Doutora em Educação Escolar, Mestre em Educação Matemática e Graduada em Matemática pela Unesp e funcionária e professora da Fatec desde 1994.
***Os artigos publicados com assinatura não manifestam a opinião de O Defensor. A publicação corresponde ao propósito de estimular o debate dos problemas municipais, estaduais, nacionais e mundiais e de refletir as distintas tendências do pensamento contemporâneo.