Artigo: Transformando a Agricultura de Pequena Escala com aplicação da IA na geração e manejo de Créditos de Carbono
Por: Marcus Rogério de Oliveira* e Luciana Aparecida Ferrarezi**
Os créditos de carbono surgiram como uma solução criativa para combater as alterações climáticas. Este mecanismo de mercado atribui um valor monetário ao carbono emitido, motivando empresas a diminuir suas emissões de gases de efeito estufa. Quando a redução direta não é viável, as empresas têm a opção de adquirir créditos de outras que podem demonstrar uma redução efetiva. Cada crédito simboliza a remoção ou prevenção da emissão de uma tonelada de dióxido de carbono, proporcionando um meio tangível de quantificar e valorizar os esforços de sustentabilidade.
A mensuração dos créditos de carbono é um processo que envolve a quantificação das emissões de gases de efeito estufa, a verificação dessas quantidades por terceiros independentes e, por fim, a venda desses créditos em mercados estabelecidos ou direto para empresas que desejam compensar suas emissões.
As pequenas propriedades agrícolas têm um papel crucial neste cenário, pois podem se tornar grandes geradoras de créditos de carbono. Por exemplo, através da implementação de práticas agrícolas sustentáveis, como o plantio direto, a agrofloresta e a recuperação de pastagens degradadas, mesmo um pequeno produtor pode sequestrar carbono e, portanto, gerar créditos de carbono.
A adoção dessas práticas e a consequente monetização dos créditos de carbono podem ser desafiadoras para os pequenos agricultores. É nesse contexto desafiador que a Inteligência Artificial (IA) surge como uma ferramenta de suporte essencial, facilitando e otimizando o processo.
O Centro de Pesquisas e Desenvolvimento em Inteligência Artificial da Fatec de Taquaritinga tem trabalhado arduamente para desenvolver soluções baseadas em IA que facilitam a geração e o manejo de créditos de carbono. Por meio de algoritmos de aprendizado de máquina, a IA está sendo utilizada para prever o potencial de sequestro de carbono de diferentes práticas agrícolas e auxiliar os agricultores na tomada de decisões mais sustentáveis e lucrativas.
Um desses algoritmos de aprendizado de máquina está sendo construído para que, baseado em dados sobre o solo, clima, tipo de cultura e práticas agrícolas, forneça ao agricultor uma estimativa precisa do potencial de geração de créditos de carbono de sua propriedade. Isso permitirá que o agricultor perceba antecipadamente quais benefícios financeiros poderá obter ao adotar práticas sustentáveis que sequestram o carbono.
Ao democratizar o acesso à geração e ao manejo de créditos de carbono, a IA pode revolucionar a agricultura de pequena escala. A visão de futuro é uma em que todos os agricultores possam colher os benefícios financeiros de suas ações ambientalmente de acordo com os modelos de geração de ativos de carbono.
A agricultura de pequena escala, com sua profunda conexão com a terra, está bem posicionada para liderar o caminho em direção a uma economia de baixo carbono com interessantes retornos financeiros. Que o produtor rural se inspire e se empodere para se tornar um agente ativo nesta transformação e obter as merecidas vantagens financeiras desta oportunidade de negócio.
* Marcus Rogério de Oliveira, Professor da Fatec, é mestre em Ciência da Computação pela USP e doutor em Biotecnologia pela UFSCar.
**Luciana Aparecida Ferrarezi é Diretora de Fatec de Taquaritinga. Doutora em Educação Escolar, Mestre em Educação Matemática e Graduada em Matemática pela Unesp e funcionária e professora da Fatec desde 1994.
***Os artigos publicados com assinatura não manifestam a opinião de O Defensor. A publicação corresponde ao propósito de estimular o debate dos problemas municipais, estaduais, nacionais e mundiais e de refletir as distintas tendências do pensamento contemporâneo.