18 de novembro de 2024
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Artigo: As lembranças para o Dia das Mães

Por: Paulo Cesar Cedran*

Durante muito tempo, tratou-se apenas de uma memória sem contexto… do livro Mãe de Hugo Gonçalves.

Procurando nos guardados de minha mãe, aqueles que ficam bem escondidinhos nas gavetas menores, junto com pequenos porta-joias, lenços, alguns bordados, bem aqueles que, ao meu ver, aguçam a minha curiosidade de compreender uma lógica que nunca saberei sua racionalidade ou melhor sua afetividade ao certo; é que encontrei mais ou menos o que esperava.

Foram dois porta-fósforos bem singelos um “confeccionado” por mim e outro pelo irmão Téo, com um “Parabéns” Mamãe!”, escrito pela professora, porque nossa letra ou garatuja seria na terceira ou quarta série mais incompreensível do que são hoje.

Estava guardado um outro cartão na cor vinho “pintado” por mim e bem moderno para a época, pois teve o acabamento feito pela tesoura que picotava o cartão dizendo: “a mamãe com muito amor: Paulo Cesar”.

Esse deve ter sido eu que escrevi com uma régua para manter o alinhamento e bem devagar; treinado tantas vezes numa letra que não consigo mais repetir. Um outro pequeno cartão da época da pré-escola em formato de rosa feito pela professora Maria Novaes completavam os achados da nossa infância.

Estavam aí um telegrama em nome da família Agenor e filhos e por fim um livro-cartão “Pobre mamãe!”. Um livro de amor e agradecimento da autora Rowan Gomes Marphy; que passou em nossa vida adulta a completar nossos presentes de Dia das Mães.

Mas eu pergunto: Ainda faz sentido num mundo de cards e mensagens virtuais, cartões ou mensagens físicas tão singelas como essa? Se pudesse conversar com minha mãe e perguntar tenho certeza de que para cada uma delas, ela contaria uma verdadeira história, tão cheia de racionalidade e emoções como falava de início e mais que tudo, de sentimento e significado, que justificaria continuar guardando estes “insignificantes” pedaços de papel.

Quanto a mim e ao meu irmão, lembro de toda a alegria e curiosidade que envolvia até o final da quarta série pelo menos qual seria a lembrança a ser entregue, o que iríamos dar com todo amor, quando muitas vezes nem existia nas escolas homenagens ao dia das mães. Éramos orientados pelas professoras primárias a guardar com todo o carinho, esconder e no domingo dia das mães ao levantar a primeira coisa a fazer era abraçar a mãe e entregar “esses” presentes.

Não precisavam outros. Talvez alguns outros existiriam, dado pelos pais para complementar esses junto aos filhos: sejam roupas, perfumes e tudo mais que o comércio incentivava, mas o que ficou para verdadeira mãe, foi aquele bem simples, singelo, feito na inocência e pureza de criança que muito alegra o verdadeiro coração maternal.

Hoje para mim, meu irmão e muitos outros que não podemos mais abraçar nossas mães fisicamente, nos resta orar, oferecer uma rosa  junto à sua lápide, derramar lágrimas de uma saudade boa de sentir a vontade de deixar em seu colo se aninhar, sentir seu cheiro, seus conselhos, sua segurança e poder dizer: mãe, eu te amo, não só  hoje,  porque todos os dias é dia das mães.

Domingo então combinado: orem e agradeçam o dom de vida pelas mães ainda junto de vocês, orem por e agradeçam por aquelas ainda estão junto de vocês. Mas acima de tudo passeiem, divirtam-se, confraternizem-se, abracem-se e sintam o maternal dom de Deus presente naquela mulher que nos gestou e nos fez ser quem somos hoje. Obrigado mãe.

Obrigado Senhor.

*Paulo Cesar Cedran, Mestre em Sociologia e Doutor em Educação Escolar.

**Os artigos publicados com assinatura não manifestam a opinião de O Defensor. A publicação corresponde ao propósito de estimular o debate dos problemas municipais, estaduais, nacionais e mundiais e de refletir as distintas tendências do pensamento contemporâneo.