Crônica: Por uma política de incentivo à leitura. A leitura não pode ser tratada como algo paliativo.
Por: Sérgio Sant’Anna
Em meio a essa distopia, esse egoísmo vigente, esse momento caótico, observamos o quão necessária é a leitura. Sombras que tomam conta deste tempo, mentiras que superam à verdade e se espalham feito ervas daninha. Um acumulado de inverdades que permeiam nossa política partidária e se manifesta através da ignorância vigente, projetos escabrosos e uma infinidade de parlamentares sem o mínimo de condições de legislarem pelo país. Disseminada por aqueles que apostam na meritocracia, cultivam o poder a qualquer preço, não desejam a igualdade entre os povos, almejam o enriquecimento ilícito, satisfazem-se com discursos alimentados pelo ódio e palavras religiosas distorcidas de seu contexto. Portanto, somos sim, escravos e semelhantes àqueles que ajudamos a perpetuar-se no Poder. Compactuamos com seus ideais. Não somos capazes de mudarmos, transformarmos nossas opiniões. Onde estás a humildade que você prega? Deixe de falácias, balelas… Como pode dormir em paz? Ainda pode-se mudar, é tempo de se transformar…
Muito desse discurso que exponho através deste crônica, neste primeiro parágrafo soa como palavras lançadas durante a pandemia, durante aquele período crítico que vivemos. Fomos alimentados pelo fel, todavia a beleza da vida, através de atitudes que ultrapassaram a ignorância do Governo da época foram capazes de nos salvar de uma tragédia ainda maior. Observando com mais profundidade, o caos parece que se acentuou. Talvez, tenha sido abrandado por um discurso mais pacificista do Governo vigente, porém eles ainda insistem na disseminação de mentiras para retirá-los das grades. E algo que me preocupa, diante dessa avalanche de inverdades, é a diminuição no número de leitores. Sem leitura não há criticidade, não há análise, há sim a formação de alienados. O Brasil já conta com mais de 61 milhões de analfabetos funcionais, segundo o IBGE, ou seja, pessoas que sabem sim ler e escrever, porém não conseguem avançar diante do do texto. E isso principalmente por culpa das telas, que são capazes de formar apenas leitores de manchetes. E mais: estamos diante de uma geração, cujo Quociente de Inteligência (QI), pela primeira vez em nossa história, é menor do que de seus pais. Uma calamidade. Uma geração embrutecidade. Uma geração afagada, mas não amada. Uma legião de zumbis. Aqueles que acreditam em tudo que leem, em discursos vazios e ignorantes. Cegos pela religião, entorpecidos pelas telas, desmemoriados pela negação da sua história.
Dessa forma, precisamos incentivar as políticas de leitura, preparar os nossos alfabetizadores de maneira mais eficaz, além de buscar a valorização docente. E não se para por aí, a política do livro necessita funcionar, torna´-lo mais acessível à população, assim como pregava Ziraldo quando clamou pelo livro diante da cesta básica. Vimos o quanto de vida nossos estudantes ganharam a partir do momento que os celulares foram proibidos nas escolas. Retornaram à humanidade. A leitura necessita ser difundida, tornar-se um exemplo a todas as esferas da sociedade. Não podemos sucumbir ao caos. Que haja luz contra a ignorância.