Jogando Limpo – Entre prompts, planilhas e paixões: a IA entrou em campo
Por: Rodrigo Panichelli*
A inteligência artificial chegou ao futebol. E diferente de muitos zagueiros dos anos 90, ela não chegou atrasada.
Nos últimos dias, vi gente pedindo para a IA escalar a Seleção Brasileira. Outros, mais ousados, tentaram prever a primeira convocação do novo treinador estrangeiro que mal fala português — e que, talvez, nem vá precisar, se o torcedor seguir usando o tradutor neural antes mesmo do tradutor oficial.
Mas vamos com calma: futebol não é só dados, é também dedos. Prompt errado, escalação maluca. Vi IA colocar lateral de volante, goleiro como meia e centroavante virando zagueiro. Se fosse só videogame, tudo bem. Mas isso é futebol. E no futebol, como na vida, o comando importa.
A IA pode, sim, ajudar muito. Pode analisar jogos, prever padrões táticos, cruzar estatísticas de passes certos com quilômetros percorridos. Pode ajudar a descobrir um novo talento em alguma base do interior do Brasil ou prever a chance de lesão de um meia que corre mais do que pensa. Mas quem vai apertar o botão e escolher o caminho certo ainda é o ser humano.
A IA é uma camisa 10 moderna: precisa de um bom treinador e de jogadores que a entendam. Senão, não adianta o algoritmo: a bola vai parar no pé errado.
E como bem sabemos: não basta saber jogar bonito. É preciso jogar certo.
Então, que venham os dados, os algoritmos, os prompts. Mas que o futebol siga com alma, com erro humano (e com acerto também), com estádio lotado, com grito de gol que nenhum robô jamais vai saber o que significa de verdade.
Porque inteligência artificial é boa. Mas paixão, ainda é natural.