14 de junho de 2025
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Jogando Limpo – Ancelotti é do Brasil? Ainda não ouvi dele

Por: Rodrigo Panicehlli*

Carlos Ancelotti será, segundo  o presidente da CBF Ednaldo Rodrigues,  o novo técnico da Seleção Brasileira. Sim, mais uma novela que começa com anúncio da presidência da CBF antes mesmo da assinatura, ou de uma declaração pública do próprio treinador. Até agora, só o presidente falou. O técnico, que está envolvido com o Real Madrid e ainda tem  o fim da La Liga  pela frente, não disse nada.

E esse é o primeiro ponto. No futebol sério, treinadores anunciam compromissos. Presidentes falam depois. Aqui, inverte-se a lógica, como de costume. E não se espante se mais um “não era bem isso” surgir no meio do caminho.

Em paralelo ao anúncio, surgem novas denúncias. Um escândalo atrás do outro na CBF: uso de familiares de dirigentes em delegações da Copa, genro promovido a delegado da Conmebol com direito a cachês generosos por jogo da Libertadores. Uma gestão marcada por práticas que deveriam estar superadas, mas que seguem firmes, apenas mais bem maquiadas.

Ancelotti, se vier, será o quarto estrangeiro a dirigir a Seleção. Antes dele, nomes que passaram sem impacto nos anos 1920, 40 e 60. Mas hoje o desafio é outro. Não se trata só de treinar Neymar ou Vinícius Júnior. Trata-se de entender a estrutura — ou a ausência dela — do futebol brasileiro, lidar com uma entidade em constante crise ética, e ainda ter que reverter o desânimo da torcida com uma Seleção cada vez mais distante do povo.

Faltando pouco mais de um ano para a Copa, não há espaço para mais uma transição. Se for ele, ótimo. Que comece a trabalhar de fato. Mas é bom lembrar: se Ancelotti não funcionar, não será culpa apenas dele. Será mais uma página do mesmo livro — o da confusão crônica que virou a CBF. E nesse caso, talvez seja hora de encerrar o expediente e admitir que o problema está muito além da prancheta

*Rodrigo Panichelli é colaborador de O Defensor