13 de maio de 2025
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Artigo: Mãe é Mãe

Por: Loiane Mazzei

Muitos ditados populares se empregam à maternidade e se transferem ao longo das gerações, o que faz com que a mãe seja vista como uma divindade colocando um pouco mais de peso sobre o ofício de maternar. Como se gerar e cuidar de um ser humano pro resto da vida já não tenha uma responsabilidade por si só, afinal, se há um deles com que eu concordo é que ser mãe é padecer no paraíso.

A sensação de trazer para esse mundo uma pessoa que, até então, só existia no coração de Deus, é indescritível. Olhar para um projeto de Deus materializado através de você, ter a consciência de que a mulher transporta vida, nos leva a um nível de entrega sobre humano.

Acredito eu que, toda menina já brincou de bonecas e em algum momento da vida já se perguntou, como eu serei quando for mãe? Será que vou ser do tipo rígida ou a mãe liberal? Será que serei capaz de amar tanto assim como dizem que as mães amam?! São tantos “serás”!

Até a mulher mais despretensiosa em relação a maternidade, em algum momento, já cruzou a linha de pensamento em imaginar ter filhos. Seja para amar a ideia e seguir sonhando até o momento mágico do nascimento ou mesmo para achar que realmente amará apenas as crianças da família e das amigas.

A descoberta da gestação traz consigo um misto de alegria com, “e agora”?! Mês a mês a gente vai seguindo com os desafios dos enjoos, dores nas costas, falta de ar e o peso da barriga. Vencidos com a emoção sentida da primeira vez que sente o bebê chutar, os primeiros móveis e roupinhas chegam e vão diluindo a insegurança, dando espaço para a determinação em aguentar firme até o momento de ouvir o chorinho do bebê.

Nasceu!!! Não há alguém que veja um nascimento e consiga descrever a emoção, uma vida começa nesse mundo, quantas descobertas lhe aguardam. Os olhos se voltam para aquele recém-nascido – bebê e a recém-nascida – mãe é deixada nos bastidores com todas as suas inquietações internas e dores da recuperação do parto, muitas vezes precisando demonstrar prática naquilo que, talvez, seja a primeira vez que ela esteja fazendo.

Mas aí vem os primeiros passos, as primeiras palavras, os primeiros desenhos e num piscar de olhos a pré-escola passa. Quando menos se espera temos um pré-adolescente em casa entre os desafios sociais, metabólicos e cálculos matemáticos da escola -ainda não passei dessa fase. Acredito que logo mais vem a escolha da faculdade, a ansiedade pela CNH e voos mais independentes começam a surgir.

Ao longo dos anos, principalmente no primeiro filho, cada fase do crescimento se apresenta com uma novidade a ser vencida. Quando você acha que venceu a terrível fase do acordar a noite e trocar fraldas, chega a fase dos 2 anos e incontáveis choros para pentear o cabelo, tomar banho e brigas com o sono (essas são famosas). Quando você está vivendo lindamente em um jardim na fase entre 6 e 10 anos você percebe que o tempo começa a ficar meio nublado quando vê uma revirada nos olhos, é a pré-adolescência dando as caras.  Arrisco dizer que a adolescência é para os fortes, lidar com as mudanças hormonais e sociais que acontecem nessa fase, exige tanto quanto o momento do parto, mas dessa vez sem cheirinho de sabonete Dermacidi e colônia Mamãe Bebê.

Lembre-se de que mesmo em dias nublados, o sol ainda está lá, acima das nuvens. Dentro desse ser que só espicha, come e cheio de espinhas no rosto está a sua criança se tornando um adulto.

Todas as sementes lançadas, o cuidado e as correções que você achou que não tinham dado em nada, aparecerão através de uma pessoa íntegra e aí é quando você vai ouvir, “você deu sorte, seu filho é muito bom”. É minhas caras mães, precisamos aprender a admirar nossas conquistas, independe da voz do povo, não se deixe enganar, a voz do povo não é a voz de Deus. A voz de Deus é aquela que você ouviu no seu quarto quando pediu pra Ele te fortalecer e te dar sabedoria para continuar. Só você e Deus sabem o quanto você investiu – tempo e sentimentos – para que tudo isso fosse possível.

Se por um instante discordar das decisões de seu filho, achar que não condiz com a criação que você deu, parabéns! Você gerou um ser humano, sendo assim, não se culpe, todo ser humano é falho. Seu exemplo e companheirismo regarão os princípios que você plantou nele, certamente florescerão.

E ainda tem quem diga que “junto com nascimento de uma criança nasce uma mãe”! Uma mentira descarada contada há muito tempo. Fazendo com que as mães desacreditem de si mesmas quando dão de cara com a realidade de que NÃO, mãe não sabe de tudo. E, não se iluda, o segundo ou demais filhos não será mais fácil, a única vantagem é saber que a próxima fase se aproxima. Cada filho nos desconstrói, molda a nossa maternidade e nos desafia a lidar com uma nova personalidade.

A minha convicção é que quando nasce uma criança nasce o amor maternal, aquele que transcende qualquer explicação. Pouco se fala, mas, junto com ele chega alguns medos que antes não existiam em você, algumas preocupações que não lhe faziam sentido. Felizmente eles funcionam como combustíveis para a produção de força e coragem. Para mim, isso é a mão de Deus fazendo com que fossemos capaz de suportar a glória de gerar vida por meio Dele. Uma vez visitada por Deus a nossa estrutura não é mais a mesma. A estrutura física da mulher é preparada para gestar e parir, mas a maternidade traz consigo não apenas marcas no corpo, mas também na alma da mulher.

Depois de ser mãe o coração da mulher carrega nele a marca do amor incondicional. Aquele que se dispões além de si, muitas vezes além das próprias forças. Realmente, se fossemos explicar tudo que já fizemos por nossos filhos muitos profissionais – de diversas áreas – diriam que não é recomendado e até arriscado, estou falando de noites sem dormir, almoços pulados e choros engolidos.

Maternar é para sempre mas passa tão rápido! Em uma de minhas reflexões, percebi que ela não precisa mais de mim para ajudar nas tarefas nem para se arrumar para ir para a escola. Mas colo e pouso no fim do dia para recarregar os ânimos, por meio de conversas demoradas em meio a risos e choros ou por uma simples oração feita juntas. Enquanto ela se nutri, nem imagina o bem que me faz. O quanto me alegra saber que, nessa fase da vida não posso mais lhe amamentar, mas posso continuar sendo alimento para ela em forma de cuidado e amor.

As renúncias diárias e aquelas renúncias que “mudam” os caminhos da gente não tem mais peso quando vemos um filho vencer. Desfrutar de uma conquista de um filho é ver que cada renúncia foi um degrau para que ele e até mesmo você veja que era necessário para algo maior acontecesse.

A disposição em exercer a maternidade de forma genuína é um vínculo entre a mulher e Deus, descreveria como um acordo sem palavras, onde a mulher se dispõe a maternar e Deus em suster os dois diante dos interpéries. A maternidade exercida com afinco gera benefícios insondáveis, formar homens e mulheres com valores refletem numa sociedade mais justa.

Seria injusta se não mencionasse que ter um pai presente suaviza um pouco a maternidade. A paternidade quando exercida gera princípios consistentes e indissociáveis.

Diante de tudo que escrevi, não ousaria dizer que consegui relatar a vida das mães, ainda faltam palavras, muitas situações e emoções que envolvem uma mãe e seu filho. Isso porque não entrei nem no mérito das mães de crianças atípicas, essas guerreiras merecem um texto só delas, no qual eu não me vejo com competência para escrever, apenas me coloco a demonstrar minha sincera administração e arrisco dizer que nesses casos a maternidade é muito mais intensa.

Termino esse texto usando a dimensão que existe na curta frase “mãe é mãe” aqui cabe suas experiências, seja você como mãe ou como filha!

Aproveito a oportunidade para agradecer a minha mãe, que me deu a vida não apenas no meu nascimento mas em vários outros dias, estando comigo em todos os momentos, sejam eles de alegria ou dor, sendo impulso para voos mais altos e também pouso para quando foi preciso. Obrigada mãe!