Em busca de soluções: Câmara Municipal de Taquaritinga promove debate amplo sobre moradores em situação de rua
Reunião reúne autoridades e lideranças civis para discutir medidas urgentes, ações preventivas e alternativas de acolhimento humanizado
Na manhã da última terça-feira, 6 de maio de 2025, o auditório da Câmara Municipal de Taquaritinga foi palco de uma importante reunião que mobilizou vereadores, autoridades policiais e representantes de entidades civis e assistenciais. O encontro, de caráter intersetorial, teve como foco principal a busca por soluções eficazes para a crescente presença de pessoas em situação de rua no município.
A abertura foi conduzida pela vereadora Meire Mazzini, que enfatizou a urgência do tema e a necessidade de articulação entre os diferentes setores da sociedade para enfrentar o problema com sensibilidade e responsabilidade.
Representando o CAPS (Centro de Atenção Psicossocial), Anderson Rodrigo dos Reis destacou a preocupação do Ministério Público, que deverá lançar em breve a campanha “Não dê esmola”. O promotor Dr. Ilo Marinho reforça que a prática pode perpetuar a situação de vulnerabilidade dessas pessoas, ao invés de encaminhá-las para serviços públicos adequados.
Durante o encontro, a vereadora Maria Azevedo levantou questões relacionadas à distribuição de marmitas por restaurantes após o expediente, sugerindo a importância de campanhas educativas para conscientizar a população. Já o vereador Delo Bate Bola compartilhou experiências de outros municípios, como Novo Horizonte, que investem em canais de denúncia e até outdoors para desestimular a mendicância.
Leandro Bossini, presidente da Associação Comercial e Industrial de Taquaritinga (Acit), anunciou a produção de quatro mil panfletos com orientações sobre os riscos da doação direta nas ruas. Em paralelo, o policial militar Mauro Zanin alertou para um ponto sensível: muitos dos moradores em situação de rua são naturais de Taquaritinga, mas optam por não retornar ao convívio familiar.
O prefeito Dr. Fulvio Zuppani propôs medidas estruturais e emergenciais. Entre elas, a realização de um diagnóstico social conduzido pelo CAPS e pela Secretaria de Desenvolvimento Social, a reforma do Terminal Rodoviário José Gabriel Miziara e a criação de uma casa transitória. A meta é oferecer um espaço digno de acolhimento emergencial para homens, mulheres e crianças.
A reunião também evidenciou os pontos mais críticos da cidade, como a Praça Dr. Waldemar D’Ambrósio, onde o palco de alvenaria é utilizado como abrigo, e a Praça Dona Ernesta Buscardi, no Jardim Buscardi. A vereadora Profa. Mirian Ponzio destacou que muitos moradores de rua apresentam transtornos mentais graves e necessitam de internação. Entretanto, o prefeito mencionou que cerca de 200 internações compulsórias estão em andamento e que a Prefeitura enfrenta uma dívida de aproximadamente R$ 700 mil com clínicas especializadas, o que inviabiliza a ampliação desses atendimentos.
O vereador Baixinho do Posto relatou a experiência de Monte Alto, onde a criação de um barracão serviu como estratégia para reencaminhar moradores de rua a suas cidades de origem. Já o presidente da Câmara, Beto Girotto, sugeriu a adaptação de um galpão público nas imediações da rodoviária para abrigar temporariamente essas pessoas. Arnaldo Baptista, por sua vez, apontou a necessidade de suporte espiritual, além da assistência material.
O presidente do Conselho Comunitário de Segurança, José Carlos Camargo, apresentou um projeto de casa de passagem com funcionamento 24 horas. Segundo ele, os modelos de albergue tradicionais se mostram ultrapassados e é preciso inovar com estruturas mais funcionais. Ele também defendeu o cercamento de áreas públicas abandonadas, atualmente suscetíveis a ocupações desordenadas.
A retomada da Atividade Delegada, anunciada pelo prefeito, foi bem recebida. O Tenente Santana, subcomandante da 2.ª Companhia da Polícia Militar, esclareceu que a atuação da PM tem limites legais, mas pode contribuir com ações integradas, inclusive com questionários durante abordagens. Ressaltou, ainda, que repressão isolada não é solução e defendeu o envolvimento das redes de proteção social.
A psicóloga Luana Parize Lopes, do Creas (Centro de Referência Especializado de Assistência Social), propôs a criação de um protocolo padrão de abordagem, além da nomeação de uma pessoa responsável pela articulação entre os diversos órgãos envolvidos. Segundo ela, o Creas possui cadastro e prontuários completos de todos os moradores de rua da cidade. A profissional alertou ainda para o fato de que egressos do sistema prisional de Santa Ernestina têm se deslocado para Taquaritinga, o que amplia o desafio.
O debate contou com a participação ativa dos vereadores Marcelo Marinho, Livia Zuppani, Gabriel Belarmino, Jhow Adorno, do vice-prefeito Roberto Palomino, da representante da Acit Adriana Turatto, de José Carlos Milanezi (Acit), Gabriel Bagliotti (assessor de imprensa da Prefeitura), Paulo Roberto Zanin Guidorzi (secretário de Governo) e Ana Margarida Curti (secretária de Gestão).
O encontro foi marcado por propostas objetivas e um consenso: a solução passa por união de forças, planejamento, e sobretudo, respeito à dignidade humana.