Artigo: Redundâncias e pleonasmos necessários
Por: Sérgio Sant’Anna
Certa vez Manoel de Barros, o poeta, escreveu, no auge dos seus 92 anos, que não caminhava para o fim, porém para suas origens. E dessa sapiência mundana, fico a pensar em nosso senso de exclusividade. Somos únicos, todavia a exclusividade atiça o preconceito, desperta a disputa, ouriça aos sentimentos grotescos em relação ao outro; logo diante daqueles que pertencem a mesma raça (falo dos seres humanos). Confrontos, embates, uso bélico são acordados pela busca utópica, onírica da exclusividade.
Certa vez, no dia dois de novembro, dia em que os cristãos relembram seus mortos, chegou ao cemitério e parou diante do túmulo de um de seus parentes, um cristão que depositou flores ao ente falecido. Ao lado dele, no jazigo vizinho chegou um senhor carregando uma tigela com comida e depositou no túmulo. O cristão pensou, todavia não bradou:
– O defunto comerá tal oferta?
O budista também poderia ter pensado:
– O defunto absorveria o perfume das flores?
Pois é, falta-nos respeito, acreditamos na exclusividade. Somos diferentes, entretanto continuamos a ser humanos…
*Sérgio Sant’Anna é Professor de Redação no Poliedro, Professor de Literatura no Colégio Adventista e Professor de Língua Portuguesa no Anglo.
**Os artigos publicados com assinatura não manifestam a opinião de O Defensor. A publicação corresponde ao propósito de estimular o debate dos problemas municipais, estaduais, nacionais e mundiais e de refletir as distintas tendências do pensamento contemporâneo.