Artigo: Donald Trump – o valentão do parquinho da Laranjeiras e a política global
Por: Raphael Anselmo* e Gustavo Girotto**
A posse do segundo mandato de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos foi um marco que reverberou não apenas na América, mas em todo o mundo. O tom pode ser comparado à figura do valentão em um parquinho infantil do Laranjeiras, como os que podemos encontrar em cidades pequenas, como Taquaritinga. Essa analogia nos ajuda a entender as dinâmicas de poder, intimidação e a influência que líderes podem exercer sobre seus “colegas”.
Em um parquinho infantil, o valentão é aquele que se impõe sobre os outros, utilizando-se de força ou de uma personalidade dominadora para controlar o espaço. Ele grita mais alto, toma os brinquedos e muitas vezes usa táticas de intimidação para garantir sua posição. Esse comportamento pode ser visto como uma forma primitiva de liderança, onde a força bruta é mais valorizada do que a empatia ou o respeito mútuo. Esquece-se que, três ou quatro franzinos inteligentes unidos, já são capazes para dominá-lo.
Ao assumir a presidência, Trump trouxe consigo um estilo de liderança semelhante ao valentão do parquinho. Sua retórica agressiva e polarizadora não apenas atacou adversários políticos, mas também minou normas democráticas estabelecidas. Por meio de táticas de intimidação, ele conseguiu moldar o discurso político e mobilizar uma base fervorosa de apoiadores que se sentiam representados por sua abordagem direta e muitas vezes desrespeitosa. Jogou para sua plateia, quando disse: – “Agora só existem dois gêneros: masculino e feminino”.
Trump cria uma névoa política onde o confronto e a hostilidade são comuns. Na gestão anterior, aqueles que ousavam criticá-lo frequentemente enfrentavam retaliações públicas, seja através de tweets agressivos ou discursos inflamados. Isso gerou um ambiente político polarizado onde as vozes da oposição eram frequentemente silenciadas ou deslegitimadas.
A dinâmica do valentão no parquinho não é sustentável a longo prazo. Embora possa parecer eficaz inicialmente, essa abordagem gera ressentimento e divisão.
A posse de Donald Trump serve como um alerta sobre os perigos da liderança baseada na intimidação e no autoritarismo. Assim como o valentão do parquinho pode dominar temporariamente, eventualmente as crianças se unem para desafiar essa figura opressora. A política deve ser um espaço para diálogo e colaboração, não para intimidação e controle.
Ao refletirmos sobre esses paralelos entre Trump e o valentão do parquinho infantil, somos lembrados da importância de promover líderes que valorizem a empatia e a inclusão em vez da força bruta. A verdadeira liderança deve inspirar respeito mútuo e cooperação, criando ambientes saudáveis tanto nas escolas quanto nas esferas políticas globais. Principalmente, quando no gira-gira, estão China e Rússia.
Apesar de parecer contraditório, o desprezo demonstrado pelo presidente Donald Trump pela América Latina é uma boa notícia para o Brasil. No dia de sua posse, Trump foi perguntado sobre como seria a relação de seu governo com o Brasil e com toda a região da América Latina.
A resposta mostrou certo desdém do líder americano: “A relação é excelente. Eles precisam de nós, muito mais do que precisamos deles. Não precisamos deles. Eles precisam de nós”.
A China, como se sabe, tem ampliado muito os seus investimentos na América Latina, em geral, e no Brasil, em particular.
Em algum momento, Trump pode tentar agir para diminuir essa influência – o que demonstra a bravata. Em paralelo: a questão não é fazer casa popular -, é preciso ficar atento quem está ganhando com a venda da terra. Vale também para o ensino público -, como escola cívico-militar, que reforça o mito imaginário de superioridade moral e, ainda, não resolve o problema da vida civil, nem de uma educação democrática e de qualidade e muito menos o problema da falta de segurança. Qualquer eleito que incentive programas e a criação de valentões de parquinho, como trumpistas e bolsonaristas, caminha na contramão da história e do futuro.
*Raphael Anselmo é economista.
**Gustavo Girotto é jornalista.
***Os artigos publicados com assinatura não manifestam a opinião de O Defensor. A publicação corresponde ao propósito de estimular o debate dos problemas municipais, estaduais, nacionais e mundiais e de refletir as distintas tendências do pensamento contemporâneo.