Crônica: A última crônica
Por: Sérgio Sant’Anna*
Tão logo o diretor e editor do Jornal zapeou-me, e avisou-me que esta seria a última edição do periódico este ano, lembrei-me daquela poesia do Drummond que sinaliza que o findar do ano é apenas algo delineado pelos homens, cuja atribuição é enjaular Cronos. As mudanças acontecem conosco, individualmente em prol da coletividade. Porém, o efêmero tomou conta dos nossos dias. E a naturalidade com que nos despedimos das coisas acaba sendo normal.
As utopias foram dilaceradas, ouço por aí. Não há mais esperança! A classe de conduta ilibada foi abduzida. Pois bem, há anos não discutimos de maneira séria e com caráter a situação pela qual o País atravessa.
A discussão foi retirada de um nível elevado, dotado de verdade, e transformada em idealismo narcísico. Assim está bom, fui eu quem fiz! Não basta mais isso, sabemos que o povo brasileiro saiu de uma situação de miséria para uma situação de pobreza, sim os dados estão aí. Porém, não podemos mais conviver com esta bandeira que parece ter sido esquecida na Lua. Nunca mais voltou até lá e sempre se fala neste feito… Onde se encontra o progresso? Cadê a solução para esse lamaçal que vivemos? Certezas, indefinições?
A solução encontra-se na Educação. Esta de maneira séria, não aquela que a ONU quer ver através de dados quantitativos para o repasse de verbas. Números nós temos, somos uma população de mais de 200 milhões de habitantes, porém a qualidade deste serviço é péssima. Temos um mínimo de analfabetos, porém nunca na história deste País tivemos tantos analfabetos funcionais; tantos analfabetos digitais (e aí uma situação que merece atenção, pois a tecnologia nos impulsiona e qualifica-nos). Deixou-se de investir nas políticas de leituras e incentivo à compra dos livros. Além disso, o profissional responsável pela administração e difusão do conhecimento verdadeiro foi tratado como lixo. Impõe-se um piso salarial, porém são poucos os Estados que o cumpre. Ficamos a mercê de decisões arcaicas e mentes retrógradas, acostumadas a manipularem e tornar a população cada vez mais alienada e desestimulada a partir para a discussão, levantar o questionamento, definitivamente podem chegar ao lugar que almejavam: seres calados e impotentes diante da safadeza armada no cenário parlamentar brasileiro.
Professores, senhores e senhoras, pais, responsáveis, participem das discussões estabelecidas neste País, dê ouvido a que seu candidato falou e ainda fala, cobre dele, incentivem seus filhos a escreverem nas redes sociais sobre questões que estimulem à reflexão, o debate, a exposição de argumentos. Estamos caminhando para este naufrágio que os políticos miseráveis almejavam: cidadãos apáticos, sem iniciativa, voltados ao diálogo sobre a novela das nove global e aos vespertinos sobre a vida alheia. Não podemos nos ajoelhar diante de tantas mentiras, tanto desmando, saiam das suas zonas de conforto, pois a situação chegou ao caos para todo o País. Não pense no seu umbigo, não pule as ondas ou coma as sementinhas de romã pensando apenas na sua família, lute para melhorar a situação do seu país.
E este país depende de nós professores, cidadãos formadores de opinião, sinônimos de paradigma. Valorize a educação, dê um passo em favor deste Brasil investindo em Educação, apoiando aos docentes, contribuindo com a leitura e a capacidade de diálogo que nós, brasileiros, possuímos, não podemos menosprezar esta nossa valorosa arma linguística. Saibamos esbravejar, saibamos cobrar, saibamos valorizar àqueles que ainda lutam por um País melhor.
Amigos, Professores, não desistamos, exijamos, cobremos e incentivemos aos nossos discentes e pais, a lerem mais, informarem-se mais, e mais do que isso, exigirem o seu direito de cidadão, um bem que nenhum político poderá tirar-nos. Exceto, caso concordemos. Daremos este aval? Professores, adiante! A luta é árdua, mas não baixaremos nossa guarda, somos possuidores do conhecimento e este ninguém nos tirará.
*Sérgio Sant’Anna é Professor de Redação no Poliedro, Professor de Literatura no Colégio Adventista e Professor de Língua Portuguesa no Anglo.
**Os artigos publicados com assinatura não manifestam a opinião de O Defensor. A publicação corresponde ao propósito de estimular o debate dos problemas municipais, estaduais, nacionais e mundiais e de refletir as distintas tendências do pensamento contemporâneo.