18 de outubro de 2024
GeralNossa Palavra

Nossa Palavra – Governo descarta retorno do horário de verão em 2024

Mas mantém possibilidade para 2025.

Após estudos técnicos, o Ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, anunciou na quarta-feira (16) que o governo não adotará o horário de verão em 2024. A decisão foi tomada com base em um novo relatório do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), que indicou a recuperação parcial dos níveis hídricos com o retorno das chuvas e o planejamento de redução da vazão dos reservatórios. Contudo, a proposta de retomada da medida volta à mesa para 2025, dependendo de novas avaliações.

O ministro Silveira esclareceu que, embora o horário de verão tenha sido considerado este ano, o custo-benefício de sua implementação seria limitado, uma vez que as adaptações necessárias nos setores afetados — especialmente na malha aérea e na indústria — demandariam mais tempo do que o calendário permitiria. Segundo ele, o período ideal de impacto econômico positivo seria entre outubro e novembro, o que tornaria inviável a adoção imediata em 2024, com a possível vigência a partir de novembro, caso fosse decidida a mudança.

A indústria, o setor aéreo e até bares e restaurantes foram ouvidos pelo Ministério antes da decisão. Enquanto a aviação civil, por exemplo, alertou sobre a complexidade da adaptação ao novo horário — com uma estimativa de até seis meses para ajustes operacionais —, o setor de bares e restaurantes se mostrou mais receptivo à mudança, vislumbrando um impacto positivo no consumo e, consequentemente, no crescimento econômico. Mesmo assim, prevaleceu a posição técnica de que os benefícios de curto prazo não justificariam a implementação do horário de verão ainda este ano.

O ministro também enfatizou que a escolha de não retomar o horário de verão não foi política, mas técnica, com base em análises do ONS e outros órgãos envolvidos. Silveira afirmou ter comunicado a decisão ao presidente Lula, que corroborou com a avaliação de que o Brasil não enfrentaria problemas técnicos ou estruturais na matriz energética por conta da ausência da medida em 2024.

A possível reintrodução do horário de verão em 2024 já havia levantado discussões desde o início do ano. Um dos principais pontos de controvérsia era o impacto que a mudança poderia ter nas eleições municipais, com o segundo turno marcado para 27 de outubro. O presidente Lula chegou a sinalizar que preferia evitar a implementação da medida antes do pleito, temendo descontentamentos do eleitorado e reflexos negativos nas urnas.

Suspenso desde 2019 pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, o horário de verão dividiu opiniões entre a população e os setores produtivos. Desde então, questões como a eficiência energética e os impactos no consumo e na economia têm sido constantemente debatidos. Apesar de não haver grandes problemas técnicos apontados, a expectativa de alguns setores, sobretudo no comércio e lazer, é de que o horário de verão traga benefícios econômicos, como maior movimentação em bares e restaurantes durante as horas de sol prolongadas.

O anúncio de que o horário de verão pode voltar a ser discutido para 2025 mantém o tema em pauta e, inevitavelmente, sob vigilância de diversos setores. A decisão deste ano demonstra a prudência do governo em não forçar uma mudança de impacto limitado no curto prazo, mas também reforça a importância de um planejamento energético e econômico alinhado com as demandas futuras.

Agora, a expectativa recai sobre os estudos que serão conduzidos ao longo de 2024, especialmente quanto à questão hídrica e ao desempenho energético do país. Se houver necessidade, o debate sobre a volta do horário de verão será revisitado, com maiores chances de adoção para 2025, mas desta vez com uma abordagem mais madura e tecnicamente embasada. Até lá, o Brasil seguirá sem a alteração que, para muitos, significava mais do que apenas uma mudança no relógio — representava também uma tentativa de adaptação a tempos de maior racionalidade no uso da energia.