22 de dezembro de 2024
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Crônica: Sete de Setembro – ódio cego, liberdade tardia e a nossa burrice

Por: Sérgio Sant’Anna*

O dia Sete de Setembro chegará, passará e ficará a espera do próximo ano. A Semana da Pátria, cantada, desfilada e levada em peitos e cadernos com as cores da nossa bandeira já não desperta mais o patriotismo de outrora.

Amigos postam fotos dos desfiles cívicos apenas como obrigação, dever cumprido, compromisso e dia letivo (talvez), mas nada se compara ao amor (ou obrigação?) do pretérito. Isso tudo fruto de um presente catastrófico para o País. A corrupção que se impregnou em nossa corja política, os esquemas, roubos, que se acumulam nas várias operações investigadas pela Polícia Federal. Mas se lembram que a nossa história é a causadora de tudo. Convivemos com mentiras desde o descobrimento. Um Brasil habitado por índios sendo descoberto por portugueses que aqui chegara e se intitularam donos desse paraíso (hoje fiscal), transformando os traços culturais indígenas em portugueses gálicos. Para isso exterminaram essa população, em troca levaram suas terras, estupraram suas índias e nada lhes deram, pelo contrário, endividaram esta Vera Cruz, levaram nossas riquezas.

Mais tarde, quando a Côrte aqui já se encontrava, o filho rebelde resolve tornar-nos independentes, aos gritos à margem de um rio. De posse de um cavalo branco e robusto Dom Pedro levava-nos a independência perante Portugal. Estávamos livres, mas a duras penas, pois ele nos deixou, encomendou seu trono ao filho ainda menor de idade e aquele grito, que soou como um chamado para a confraternização transformou-se  naquele arroio, filete de água que jurava ser um rio. Hoje se poluiu. A corrupção também se assentou por aquelas bandas, transformou o País.

Não há nada que comemorar mais? Talvez não, mas não podemos nos resumir apenas às críticas ácidas a um partido. Devemos protestar sim, mas jamais nos esquecermos que há inúmeros pablos marçais e carlas zambeles envolvidas neste mar de corrupção e idealismo de salvadores da Pátria como Fernando Collor que voltou ao cenário como réu (se não bastasse uma vez), assim como Renan, PP, MDB , PSDB etc. Mensalão e Petrolão se juntam, mas não podemos deixar de mirar esses que numa trama de jogos a quaisquer custo, enriquecem-se de maneira ilícita ao ludibriarem-se seus semelhantes.Também não nos furtamos à compra de votos para a reeleição de Fernando Henrique Cardoso. Isso não é crime? Existe peso para aqueles que cometem atos ilícitos? Então, que soltem o Fulaninho que roubou um pote de margarina e quatro pães para o almoço da sua família há três anos, que ainda se encontra na cadeia como um criminoso.

Que os negócios feitos com os chineses são tão escusos quanto aqueles feitos com a Venezuela ou quaisquer outros países. Talvez acusemos aos que negociam com Venezuela, Bolívia, Equador de favorecer às ditaduras, mas àqueles, os grandes empresários, negociadores diretos com a economia chinesa, que ainda massacra a sua população em busca de números, lucro, como ficam? E o favorecimento aos agricultores, latifundiários, minoria na Câmara Federal? A eles são fornecidas licenças ambientais, subterfúgios para o desmatamento de nossas florestas.

À bancada religiosa é fornecida a licença para rezar, impor sua crença num País laico, porém quando uma guria veste-se de branco é agredida, nada é feito. Apenas endossado o crime, pois nossos retrógrados deputados são favoráveis a esta ou aquela crença, as demais são impostoras. Pobre Nação Brasileira. Projetos ortodoxos como a defesa de uma única formação familiar são pautados para as próximas votações, porém nada é feito, as panelas serão batidas para situações mais graves, pois estas não incomodam a este ou aquele cidadão.

Estamos atônitos, clamamos por liberdade, mas ainda não aprendemos a utilizá-la. Continuamos buscando pelas cores reais da nossa bandeira que permanece numa posição de luto. Lutaremos pelo Brasil ou apenas por interesses pessoais? A burrice ainda nos conforta… Acreditamos em coachs.

*Sérgio Sant’Anna é Professor de Redação no Poliedro, Professor de Literatura no Colégio Adventista e Professor de Língua Portuguesa no Anglo.

**Os artigos publicados com assinatura não manifestam a opinião de O Defensor. A publicação corresponde ao propósito de estimular o debate dos problemas municipais, estaduais, nacionais e mundiais e de refletir as distintas tendências do pensamento contemporâneo.