23 de dezembro de 2024
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Nossa Palavra – Vai começar o horário eleitoral gratuito no rádio e na TV

Com o início da propaganda gratuita no rádio e na TV, candidatos terão o desafio de conquistar o eleitor em um curto espaço de tempo.

À medida que as eleições municipais de 2024 se aproximam, o cenário político brasileiro entra em uma fase crucial: a propaganda eleitoral gratuita no rádio e na televisão. A partir desta sexta-feira, 30 de agosto, até 3 de outubro, para o 1º turno, e  nas grandes cidade, em caso de 2º turno nas , de 11 a 25 de outubro, os candidatos terão a oportunidade de expor suas propostas de governo ao eleitorado. No entanto, o que deveria ser uma ferramenta democrática de comunicação muitas vezes se transforma em uma batalha desigual pelo espaço na mídia.

Em um país onde o tempo de exposição é uma moeda valiosa, a distribuição do tempo de propaganda revela as disparidades entre os candidatos. Nos municípios em que há mais de uma emissora geradora, o sorteio que define qual delas será responsável por gerar o sinal de retransmissão evidencia a centralização do controle midiático. Além disso, a distribuição do tempo entre os partidos, coligações e federações partidárias, ainda que regulada pela Justiça Eleitoral, frequentemente deixa à margem aqueles com menor representação no Congresso, limitando a capacidade desses candidatos de apresentar suas propostas de forma adequada.

Em Taquaritinga, onde sete candidatos a prefeito, sete a vice-prefeitos e 150 candidatos a vereador disputam a atenção dos eleitores, a disparidade é ainda mais evidente. Um dos candidatos a prefeito, por não ter nenhum deputado eleito em sua coligação, ficará completamente fora do horário eleitoral gratuito, uma exclusão que levanta questões sobre a equidade do processo eleitoral. Enquanto os partidos com maior representação ocupam generosos blocos de tempo, outros são forçados a confiar em recursos limitados e em estratégias de campanha digital para alcançar os eleitores.

A legislação eleitoral determina que 60% do tempo de inserções seja destinado aos candidatos a prefeito e 40% aos candidatos a vereador, com prioridade para mulheres e pessoas negras, uma tentativa de corrigir as desigualdades históricas na representação política. No entanto, essa distribuição não resolve o problema estrutural de um sistema que favorece quem já detém poder. A questão central permanece: como garantir que todos os candidatos tenham uma chance justa de apresentar suas propostas ao eleitorado?

A propaganda eleitoral gratuita, embora essencial para a democracia, muitas vezes reflete as desigualdades presentes no cenário político. Em vez de ser um espaço para o debate de ideias, ela se torna uma vitrine onde só os mais influentes conseguem se destacar. O eleitor, por sua vez, precisa navegar por esse mar de mensagens curtas e, muitas vezes, superficiais, para encontrar aqueles que realmente representam seus interesses.

Com a atenção da mídia e do público voltada para os candidatos com maior tempo de exposição, os desafios para os pequenos partidos e candidatos independentes são enormes. Resta saber se, em meio a essa batalha desigual, as propostas que realmente importam chegarão ao conhecimento do eleitor. O início da propaganda eleitoral marca o começo de uma corrida contra o tempo, onde cada segundo conta e onde, infelizmente, nem todos partem da mesma linha de largada