21 de novembro de 2024
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Artigo: Ao invés de mudanças, corporativismo….

Por: Gustavo Girotto* e Raphael Anselmo**

A equipe econômica do governo Lula anunciou mudanças nas metas para as contas públicas em 2025 e 2026 – a primeira alteração desde que o novo arcabouço fiscal entrou em vigor, há menos um ano. Na prática, elas adiam a expectativa de colocar as contas no azul – ou seja: focos de incêndio estão no horizonte.

Por conta da mudança da meta fiscal, conforme consta do PLDO que o governo encaminhou ao Congresso, o Banco Central (BC) se verá obrigado a desacelerar a queda de juros e, no próximo ano, até aumentar.

O PLDO, segundo informou o Ministério do Planejamento, confirmou uma meta fiscal neutra em relação ao PIB em 2025, com banda de 0,25 ponto porcentual. A mudança enfraquece o Arcabouço Fiscal, que não foi capaz de conter a expansão fiscal que vem desde a PEC da Transição.

A política econômica como um todo está aquecida porque está havendo um relaxamento da política monetária e uma expansão da fiscal. Agora se revisa a meta sem acionar nenhum mecanismo de correção.

Há um divisor neste ponto: rentistas vão ganhar mais, porém, o dinheiro ficará mais caro. Taquaritinga, ou uma parte dela, vai voltar a sorrir: ou pelo deslize do atual governo no descumprimento da meta fiscal (há um bolsonarismo que vos habita) ou pelo aumento de rentabilidade do dinheiro.

Um ponto sensível, no cenário local, foi a conduta do atual prefeito pisando no acelador -, ao invés de promover uma forte austeridade dos gastos. Optou por fechar a ‘caixa-preta’ e, no campo das jabuticabas, aprovou benefícios à sua própria classe.

Já entre os jabutis está a manutenção de cargos de comissão que colaboraram, diretamente, com o déficit público. Os cargos descompatibilizados, aparentemente, saíram pelo interesse em candidaturas.

A impressão é que a classe política realmente sabe como fugir das responsabilidades, sem contudo frear as barbaridades do compromisso fiscal. Sai Vanderlei e Luiz Fernando, mas se alguém perguntar ao leitor como andam as coisas, como vai a política de Taquaritinga? A resposta é: tudo como dantes no quartel do Abrantes, até porque, o problema não estava só no Executivo.

Como diz a frase: o sistema entrega a mão, para salvar o braço. Ao invés de mudanças, o que aumentou foi o corporativismo entre os poderes e o velho jogo de interesses.

*Gustavo Girotto é jornalista.

**Raphael Anselmo é economista.

***Os artigos publicados com assinatura não manifestam a opinião de O Defensor. A publicação corresponde ao propósito de estimular o debate dos problemas municipais, estaduais, nacionais e mundiais e de refletir as distintas tendências do pensamento contemporâneo.