22 de novembro de 2024
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Crônica: Sentimentos natalinos e o pronome Quem

Por: Sérgio Sant’Anna*

Chega esse momento do ano, que se avizinha e daqui a duas semanas será tomado por fogos de artifícios e lautos almoços e jantares parecem que nos tornamos mais sensíveis. Duvido muito que seja pelo especial do Roberto Carlos ou a música da Simone ou mesmo o Imagine do Lennon, todavia seria a junção de todos esses aí elencados atrelados a uma série de sentimentos guardados, somados a esses imersos, que agora tomam o trilho da liberdade e vem conosco celebrar estas datas festivas.

 Numa das poesias de Carlos Drummond de Andrade ele declara que esses momentos são efêmeros, são dotados de simbolismos e que passados continuaremos sendo os mesmos… Mas será? Essas promessas que fazemos essas cores que compramos, essas comidas vindas com o ingrediente da sorte serão tudo fruto da fantasia? E esses sentimentos que enchem nossos olhos de alegria, despertam a lágrima adormecida, levam-nos as gargalhadas mais exageradas… enfim, parece que é agora que a bondade aparece, a docilidade não se derrete e aos amigos começo emitir mensagens e votos de felicidade. Há um professor de Filosofia que chama este momento de hipocrisia, cumprimento do protocolo. Sabem que já tentei agir com essa objetividade que torna o homem cru (importante só nas dissertações ENEM em função dos problemas sociais, que também mexem com a nossa subjetividade), porém sou cooptado por essa subjetividade. Meus olhos se enchem de lágrimas, meu coração dispara, meu sangue talvez circule com maior velocidade…

 Sempre passando por certas dificuldades quando criança, o natal e ano novo sempre procuramos passar com os nossos avós e demais familiares, era muita gente e nossa alegria sempre foi estarmos ali com primos, primas, tios, tias, comendo, bebendo, buscando a harmonia dentro do lar. Nem sempre foi assim, pois afinal onde existem muitas cabeças as opiniões são distintas, entretanto sempre procuramos nos respeitarmos e isso acontecia. E aquele sentimento de união, encontro, troca de afetos sempre esteve aculturado ao meu ser. O ser humano não nasceu para viver sozinho, ele necessita se relacionar, faz-se importante o convívio com o meio, seja de maneira direta ou indireta, mas é importante o diálogo com a sociedade. E dessa forma vamos construindo e sempre interpreto esse momento como especial, de reflexão, organização, mas um momento para fazermos o balanço e qual a direção a seguir. Não podemos passar por essa vida sem sermos tragados pela emoção, sem nos furarmos com os espinhos mundanos ou mesmo a terra quente e seca do deserto. Pobres são aqueles que passam por aqui de maneira morna, atrelado ao seu subsolo.

 Sejamos parte dessa subjetividade, mesmo que alguns ainda nos denominem de piegas, porém buscamos a felicidade, que é efêmera, sempre procurando amar ao meu semelhante. De qualquer forma devemos ser especiais, começando pelos nossos lares, mas não podemos deixar de fazer o bem ao pronome interrogativo que me avizinha. Fazer o bem sem olhar a Quem, enfatizava o dito popular. Não negue a subjetividade, deixe que as lágrimas irriguem aos seus sentimentos…

* Sérgio Sant’Anna é Professor de Língua Portuguesa do Anglo e COC Professor de Redação da Rede Adventista e Jornalista.

**Os artigos publicados com assinatura não manifestam a opinião de O Defensor. A publicação corresponde ao propósito de estimular o debate dos problemas municipais, estaduais, nacionais e mundiais e de refletir as distintas tendências do pensamento contemporâneo.