8 de novembro de 2024
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Crônica: O Auto da Compadecida e a mentira difusa – só sei que foi assim…

Por: Sérgio Sant’Anna*

Esta peça teatral consegue o equilíbrio perfeito entre a tradição popular e a elaboração literária ao recriar para o teatro episódios registrados na tradição popular do cordel.  Peça teatral em forma de Auto contando com três atos, escrita em 1955 pelo autor paraibano Ariano Suassuna. Sendo um drama do Nordeste brasileiro, mescla elementos como a tradição da literatura de cordel, a comédia, traços do barroco católico brasileiro e, ainda, cultura popular e tradições religiosas. Apresenta na escrita traços de linguagem oral, demonstrando, na fala das personagens, sua classe social e regionalismos relativos ao Nordeste. Esta obra consagrou Suassuna em todo o país e foi considerada, em 1962, por Sábato Magaldi “o texto mais popular do moderno teatro brasileiro”.

Detalhe: a obra retoma as plataformas de livro mais vendido no início do século XXI ao ganhar adaptações no cinema e TV através da Rede Globo e a Globo Filmes. E preparem-se,  pois o Auto da Compadecida 2 chegará em 2024, vinte anos depois de cair novamente no gosto popular.

Porém, essa é uma obra em que a mentira é disseminada tornando-a algo natural. E sabemos que o ser humano é atraído por este mundo em que a realidade mistura-se com a ficção e torna o nosso dia a dia cada vez mais ficcional. Uma realidade apagada pelas fake news e alimentada pela pós-verdade.

Saibas que antes de passar uma mentira adiante, como aquela brincadeira do telefone sem fio, saibas que você poderá ser o protagonista da mentira difundida. Seja altruísta, empático, e não faça como as personagens da obra e película citada. Pense no seu próximo.

* Sérgio Sant’Anna é Professor de Língua Portuguesa do Anglo e COC Professor de Redação da Rede Adventista e Jornalista.

**Os artigos publicados com assinatura não manifestam a opinião de O Defensor. A publicação corresponde ao propósito de estimular o debate dos problemas municipais, estaduais, nacionais e mundiais e de refletir as distintas tendências do pensamento contemporâneo.