Artigo: Sempre a verdade

Por: Rodrigo Segantini

Disseram-me recentemente que o radialista Edson Cândido, da Canal Um FM, teria, em uma das edições do noticiário que apresenta, feito críticas a mim. Achei estranho porque, tendo acompanhado o noticiário quando de sua transmissão ao vivo, não me detive a nenhuma ofensa que o radialista poderia ter feito à minha pessoa. Ainda assim, por via das dúvidas, ouvi seu programa de novo e, mais uma vez, conclui que Edson Cândido não se reportou a mim em qualquer notícia passada, nem mesmo em qualquer comentário que fez.

Contudo, tendo percebido que poderiam estar querendo me incluir em uma rede de intrigas, em que se diz que um disse de outro aguardando que um conflito tenha início a partir da resposta em igual proporção, optei por ligar para o Edson Cândido e deixar claro que tal reporte tinha chegado a mim , mas para o qual não dei crédito algum e, em contraprova, confirmei que não havia qualquer fundamento. Edson disse que jamais adotaria uma postura baixa como a que quiseram lhe atribuir, uma vez que disse que tem por mim respeito e admiração – as quais, reforço, são recíprocas.

Escrevo esse texto agora para deixar claro que fofocas não ajudarão nossa cidade a encontrar a solução para os problemas que enfrenta neste momento. Ficar esparramando por aí que o Edson falou o que não se tem certeza que tenha realmente falado, sair por aí dizendo que ouviu o Beto Girotto dizer o que de fato ele não disse, comentar nas rodas de conversa e reuniões de família que ficou sabendo que o Vanderlei fez o que não se sabe se realmente fez não só são condutas reprováveis, como, além de desvios éticos lamentáveis, também são pecados, como ensina Provérbios 6, 16-19; Levítico 19, 16; Tiago 3. Então, não faça fofoca.

Mas, caso saiba de alguma coisa por meio de fofoca, antes de julgar o próximo, procure saber o que está acontecendo. Isso é o que recomenda também o Senhor, conforme consta em Mateus 18, 15-20. Foi por isso que procurei o Edson Cândido. Não foi para tirar satisfação, mas para dizer que não acreditei no que me disseram pois sei que ele não faria isso, já que, como meu amigo, teria liberdade para me dizer o que quisesse diretamente para mim, sem precisar me ofender ou me humilhar.

O que Taquaritinga precisa neste momento para superar as dificuldades que temos enfrentado é a Verdade. Quando escrevo aqui que acredito que o prefeito Vanderlei Mársico deve ser chamado a responder pelas faltas e falhas de sua gestão, não estou falando mal da autoridade que ele representa, de seu papel como gestor público ou de sua pessoa individualmente. Quando afirmo que Vanderlei Mársico deve ser responsabilizado por suas ações e omissões como prefeito estou apenas dizendo o óbvio. O que se espera é que alguém que tenha assumido um papel com a proeminência que é o de prefeito de uma cidade como Taquaritinga, do porte de Taquaritinga, quebrada como Taquaritinga, é que essa pessoa tenha noção de que tudo o que acontecer na cidade, para o bem ou para o mal, será colocado nas suas costas.

Admiro Vanderlei Mársico porque, mesmo sabendo como as contas públicas municipais estavam deficitárias, já que era o prefeito à época, candidatou-se à reeleição. Em condições normais, candidatar-se ao cargo de prefeito e exercer seu mandato caso eleito já é algo altamente temeroso em razão da exposição de si e de seu patrimônio por arrasto. Porém, sabendo como estaria deixando a prefeitura, mesmo assim, Vanderlei não se intimidou e quis avançar em mais um período à frente da cidade. Sem dúvida alguma, um ato de extrema valentia e coragem. No entanto, embora o ditado romano diga que a Sorte favorece aos corajosos, parece que a Sorte preferiu não favorecer a nova gestão de Vanderlei Mársico à frente da Prefeitura ou mesmo optou por se esquecer de nossa cidade.

Entendam que responsabilidade não tem nada a ver com culpa. Responsabilidade é a capacidade de responder. Acho que Vanderlei Mársico deve responder pelo que fez (tanto de bom, quanto de mau) e pelas consequências disso. O que acontece hoje na cidade, a situação que a cidade se encontra hoje é, sim, responsabilidade de Vanderlei, ele tem que ser capaz de responder a tudo isso. E o tipo de resposta que se espera dele não é aquela que ele pode dar no microfone de sua rádio, em que só ele fala e o todo mundo só escuta. A resposta que o povo de Taquaritinga espera de Vanderlei Mársico é a Verdade.

A Verdade é que Taquaritinga está quebrada, está sem dinheiro. Então, se concordamos que não temos um tostão no bolso, precisamos nos unir para encarar essa Verdade e resolvê-la. Pode ser por meio de uma audiência pública organizada pela Prefeitura, pode ser por meio de uma CPI na Câmara de Vereadores, pode ser por meio de um instrumento de fiscalização do Tribunal de Contas, pode ser por meio de um inquérito civil conduzido pelo Ministério Público, pode ser por meio de uma ação judicial no Tribunal de Justiça. Pode ser pelo meio que for. Porém, enquanto os que devem fazer alguma coisa não fizerem, enquanto os bajuladores aplaudirem o incêndio que queima a cidade, enquanto os detratores jogam álcool no fogo que se alastra, nada será resolvido, salários continuaram sendo atrasados, fornecedores seguirão sem receber e o caos avançará sem piedade. Algo de verdade precisa ser feito, pois o povo não aguenta mais esperar.

*Rodrigo Segantini é advogado, professor universitário, mestre em psicologia pela Famerp.

**Os artigos publicados com assinatura não manifestam a opinião de O Defensor. A publicação corresponde ao propósito de estimular o debate dos problemas municipais, estaduais, nacionais e mundiais e de refletir as distintas tendências do pensamento contemporâneo.