20 de dezembro de 2024
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Artigo: Viva!

Por: Rodrigo Segantini*

16 de agosto não é aniversário da cidade. Esse é um equívoco muito comum aqui, porque usualmente chamamos a efeméride como Dia da Cidade. Mas não. 16 de agosto marca a emancipação político-administrativa de Taquaritinga, que, até então, era um distrito de Jaboticabal. Então, a rigor, 16 de agosto é aniversário do município, não só da cidade. Taquaritinga, enquanto cidade, foi estabelecida em 08 de junho, uma efeméride que não é lembrada por quase ninguém.

Celebramos o 16 de agosto porque, na década de 50, os professores da Escola 9 de Julho acharam que era razoável estabelecer uma pauta de civismo para seus alunos. Capitaneados pelo saudoso Arnaldo Ruy Pastôre, o corpo docente do instituto movimentou toda cidade e deu causa à criação do hino, da bandeira, do brasão como símbolos de Taquaritinga. Na mesma toada, foram buscar uma data magna. As opções claramente seriam a fundação da cidade, em 08 de junho de 1868; a elevação à condição de município, em 16 de agosto de 1892; a elevação à condição de comarca, quando a cidade finalmente adotou o nome Taquaritinga, em 25 de novembro de 1907. Entre esses três dias possíveis, optou-se por 16 de agosto por uma razão bastante objetiva: 08 de junho e 25 de novembro eram finais de bimestre, muito próximo das férias escolares, o que dificultaria a execução dos planos de promover uma grande festa para marcar a ocasião a partir de um desfile dos alunos.

Então, há aproximadamente 70 anos, os alunos das escolas locais e os representantes de algumas entidades desfilam no aniversário da cidade em um feriado, embora a maioria dos envolvidos considerassem que seria melhor para aproveitar a ocasião para tirar o dia de folga e descansar ou viajar. Porém, em nome deste espírito orgulhoso que há em Taquaritinga e que nos torna um povo impetuoso, valente e teimoso, em vez disso, a gente se mete a sair com o sol a pino, vestido com fardas, tocando em desarmonia em fanfarras e encantam a todos mais pelo entusiasmo da garotada do que propriamente pelo talento musical em exposição. Fora do desfile, vez por outra a Prefeitura promove mais um ou outro evento, conforme a inventividade do prefeito de plantão, bem como a criatividade de sua equipe e a disponibilidade de caixa.

Neste ano, mal-e-mal haverá o desfile. Na pindaíba que a Prefeitura se encontra, olhe lá se vai mesmo haver o palanque de autoridades para assistir à meninada externando seu orgulho de ser taquaritinguense, enquanto são puxados por professores ou gestores de entidades profundamente magoados com o tratamento que vêm recebendo da atual administração da cidade. Não é de se duvidar que, caso o prefeito e seu staff se mantenham a postos esperando pela passagem do tropel, poderão presenciar algumas cenas constrangedoras e alguns atos que vão beirar a desfaçatez. Porém, se não houver autoridades presentes para acompanhar o séquito, para que então instigar a realização de um evento como esse, não importa sua magnitude?

Claramente, no entanto, é preciso que haja desfile cívico. Porque o cortejo não é para as autoridades, o cortejo é para quem está desfilando. O desfile é para marcar uma data muito importante, é o símbolo de um povo que quer se fazer representar e se mostrar presente. Então, se a oportunidade de fazer isso é indo as ruas e apresentar-se, que assim seja. Façamos isso para que as autoridades constituídas nos ouçam, que o som de nossas fanfarras ecoem os sentimentos de nosso povo e que as batidas da percussão e dos passos dados em marcha façam bater na dignidade de todos que necessitam ser despertados para esse sentimento de que Taquaritinga é muito maior do que qualquer um que esteja à frente do poder, controlando a cidade.

Pode parecer que não temos muito o que comemorar, mas temos sim. Devemos comemorar porque ainda estamos aqui. Muitos queriam estar e não podem, não puderam e não poderão. Bem ou mal, para o bem ou para o mal, ainda estamos aqui. Estamos aqui e não vamos arredar o pé centímetro algum. Porque Taquaritinga precisa de cada um que se dispuser lutar por ela. Com o hino do município entoando em nossos corações, com o brasão como escudo diante de nosso peito, vamos lutar para fazer desta terra sempre altaneira. Estamos aqui e permaneceremos aqui porque é a terra de nossos pais, é a terra de nossos filhos, é a nossa terra onde resolvemos criar nossas raízes e guardar nossas melhores lembranças.

Taquaritinga merece parabéns! Seu povo merece parabéns! Pela cidade, por nossa gente, vamos celebrar essa data com muito orgulho. Não é um mero aniversário, não é um dia de festa. É uma data cívica e, como tal, servirá para marcar aqui nossa cidadania e nosso posicionamento como cidadãos. Por isso, viva 16 de agosto, viva Taquaritinga, viva o povo taquaritinguense!

*Rodrigo Segantini é advogado, professor universitário, mestre em psicologia pela Famerp.

**Os artigos publicados com assinatura não manifestam a opinião de O Defensor. A publicação corresponde ao propósito de estimular o debate dos problemas municipais, estaduais, nacionais e mundiais e de refletir as distintas tendências do pensamento contemporâneo.