22 de dezembro de 2024
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Artigo: Quiquis, até a Barbie mudou…

Por:  Gustavo Girotto* e Raphael Anselmo**

Etanol nos postos chegou a 2,99 na capital. Juros começaram a cair. A carne está mais barata. Duas agências internacionais de rating, S&P e Fintch, melhoraram a nota de crédito (risco) Brasil. Em poucos meses, o arcabouço fiscal e a reforma tributária deram um novo horizonte no cenário econômico. Fernando Haddad, ministro da Fazenda, é hoje o ‘queridinho’ da Faria Lima.

Vamos aos juros. Em decisão dividida, o Copom reduziu a Selic em 0,50 ponto percentual, para 13,25%. O consenso entre os economistas apontava um início de ciclo com corte gradual, de 0,25 ponto percentual. Os dois novos diretores do Banco Central, Gabriel Galípolo e Ailton de Aquino, votaram pelo corte de 50 bps e foram acompanhados pelo presidente do BC, Roberto Campos Neto, e outros dois diretores.

O Comitê avaliou que a melhora do quadro inflacionário aliada à queda das expectativas de inflação, deram a tão defendida confiança para iniciar a flexibilização monetária. Atualmente, as projeções do Focus para IPCA 2023 e 2024 são 4,8% e 3,9%, ambas acima da meta de inflação, 3,25% e 3%, respectivamente. No acumulado de 12 meses o índice está, atualmente, em 3,16%. Em janeiro desse mesmo ano o índice estava em 5,77%. Redução de incríveis 2,61% em 6 meses.

Isso ajudou a abrir espaço para que a política monetária seja menos restritiva daqui para frente. O IGPM, por exemplo, está em deflação. O índice, muito utilizado para reajuste dos contratos de aluguéis, em 2023 (jan-jul) acumula deflação de -5,15%. Esse é o aumento de renda na sua mais pura forma: os aluguéis sobem ou sofrem queda de valor, enquanto o governo eleva o salário-mínimo além da inflação.

Os membros do Copom já avistam, na solitária ilha da próxima reunião (19 e 20 de setembro), uma redução de mesma magnitude. Caso o comitê mantenha a decisão nas próximas três reuniões, que acontecerão até o fim do ano, a Selic encerrará 2023 em 11,75%.

Números apontam direções, desde a época em que as estrelas eram usadas em espelhos para navegação. Tudo mudou com a derrota do Bolsonaro – menos o saudosismo de algumas Madames Quiquis (inclusive a guru do ‘quiquizero’, Carla Zambelli, logo será um exemplo)-  que no travesseiro já pensam: etanol, carne, queda nos juros e o Brasil melhorando – menos a minha vida: mirror mirror on the wall who’s the fairest of them all – saudades do Mito e de pagar mais caro para viver? Diante dos números, nem (muito menos) elas, mesmo que pagar mais por menos possa ser chique, né benhê? Até a Barbie mudou…

*Gustavo Girotto é jornalista.

**Raphael Anselmo é economista.

***Os artigos publicados com assinatura não manifestam a opinião de O Defensor. A publicação corresponde ao propósito de estimular o debate dos problemas municipais, estaduais, nacionais e mundiais e de refletir as distintas tendências do pensamento contemporâneo.