Artigo: Generosidade corintiana

Por: Carlos Galuban Neto*

Imagine a seguinte situação, caro leitor: nos últimos anos, seu time do coração ganhou libertadores, Copa do Brasil, Brasileirão e, de quebra, dominou os principais rivais no campeonato estadual. Sem motivos para reclamar, certo?

Se você for palmeirense, nada feito. Nas últimas semanas, os palestrinos fizeram intensos protestos, dirigidos principalmente à presidente do clube Leila Pereira. Sim, a própria, dona da Crefisa, sem a qual o Palmeiras provavelmente ainda estaria preso às vergonhas e tragédias pré-2014. Bons tempos aqueles, aliás, em que ainda não havíamos sido castigados pelo 7 a 1 e o Palmeiras caminhava a passos largos para se tornar um Guarani de torcida barulhenta.

A bronca da torcida se dá por uma suposta passividade da diretoria na contratação de reforços para o time. Se esse é o problema, este colunista pode ajudar com dicas de jogadores bons e baratos, que agradarão à Tia Leila e à torcida palmeirense: Cantillo, Roni, Romero, Giuliano, Luan, todos atletas de excelente desempenho que, sem dúvida alguma, contribuirão para manter o esquadrão de Abel Ferreira na rota das conquistas.

A ajuda, na verdade, poderá ir ainda mais longe. Caso desejem, os palmeirenses podem trocar a própria presidente. No lugar, enviaremos a chapa “Renovação e Transparência”, comandada por Andrés Sanchez, Duílio Monteiro Alves e Roberto de Andrade.

Podem esperar não apenas estratégias inovadoras de gestão, como envio de jovens talentosos para intercâmbios gratuitos em times russos, mas também a repatriação de grandes ídolos do passado para a formação de um elenco que, em 1999, seria extremamente competitivo.

Se ainda não estiverem satisfeitos, o pacote de auxílio melhora: os palmeirenses poderão receber um estádio dos mais modernos, digno de estreia de Copa do Mundo e com banheiros de mármore. Basta assumirem uma dívida de longo prazo com a Caixa Econômica Federal, mas também, para quem tem dívidas com os juros camaradas cobrados pela Crefisa, isso não é nada.

Por fim, ainda podemos fazer uma oferta que os palmeirenses não poderão recusar: aceitaremos a troca de Luxemburgo por Abel Ferreira. Aqui, a generosidade corintiana não poderia ser maior: nos últimos 7 jogos, o pofexô venceu 04 (quatro) vezes, enquanto o português só 02 (duas).

Se, ainda assim, não aceitarem a proposta, é a prova de que esses tais palmeirenses são mesmo uns ingratos.

*Carlos Galuban Neto é advogado formado pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo.

**Os artigos publicados com assinatura não manifestam a opinião de O Defensor. A publicação corresponde ao propósito de estimular o debate dos problemas municipais, estaduais, nacionais e mundiais e de refletir as distintas tendências do pensamento contemporâneo.