Clikando – Uma realidade preocupante que precisa ser combatida
Por: Gabriel Bagliotti*
Na última semana, um vídeo chocou a população taquaritinguense. Um grupo de adolescentes, reunidos na casa de um deles, gravou um vídeo, no qual duas jovens aparecem em destaque verbalizando a recente experiência, até o momento, de certa forma frustrada em pedir uma porção de batatas em uma lanchonete da cidade. Porém, em certo momento da gravação, as jovens proferem palavras de baixo calão com conotação racista contra o motoboy que havia acabado de deixar o pedido dos adolescentes. Expressões como “mac*c*”, “pr*t* f*lh* da p*t*” e “b*rro” foram utilizadas, deixando claro o preconceito e a intolerância ainda presentes em nossa sociedade.
Infelizmente, casos como esse não são raros. O racismo é uma realidade cotidiana enfrentada por milhares de pessoas no Brasil e no mundo, seja de forma explícita ou velada. A adolescência, período marcado por descobertas e construção da identidade, não é exceção. Pelo contrário, a adolescência é uma fase em que as pessoas estão mais suscetíveis a influências externas e ao comportamento em grupo.
Nesse contexto, é imprescindível o papel da educação no combate ao racismo. A escola, a família e a sociedade em geral devem trabalhar para conscientizar os jovens sobre a importância do respeito à diversidade étnico-racial. É preciso desconstruir estereótipos, preconceitos e valorizar a riqueza das diferenças.
Além disso, é fundamental que as instituições responsáveis pela proteção dos direitos humanos atuem com rigor em casos de discriminação. Ainda que os envolvidos sejam adolescentes, é preciso que eles entendam que suas atitudes têm consequências, mesmo com um vídeo vazado nas redes sociais. A responsabilização pelos atos de discriminação é uma forma de educar e conscientizar sobre a gravidade do problema.
É preciso lembrar que o combate ao racismo é uma responsabilidade de todos nós. A luta contra a discriminação deve ser encarada como uma causa coletiva e permanente, em que cada indivíduo tem um papel importante a desempenhar. A sociedade precisa estar unida na promoção do respeito e da igualdade, e isso passa por combater o racismo em todas as suas formas.
Ainda há um longo caminho a percorrer no combate ao racismo. É preciso que casos como esse não sejam naturalizados ou banalizados. A luta pela construção de uma sociedade mais justa, igualitária e livre de preconceitos é um dever de todos nós.
Por fim, não podemos esquecer da vítima, neste caso um motoboy, que indiferente se houve ou não algum tipo de erro na entrega ou no recebimento da mercadoria em si, estava lá lutando pelo seu ganha pão, pelo sustendo de sua família. Não merecia passar por toda está situação.
O fato registrado em nossa Cidade se espelha a centenas, milhares, registrados no Brasil. Desta forma, conclamo todo respeito e solidariedade aos amigos motoboys. Meu pai sempre me ensinou a respeitar as pessoas que de alguma forma nos servem, seja um profissional liberal, seja quem for.
Atualmente em nossa sociedade os motoboys se transformaram em peça fundamental no dia a dia, sempre levando nosso alimento, lembre-se que enquanto você está em casa deitado ou festejando, esperando aquele lanche ou aquela deliciosa pizza, tem alguém na rua enfrentando todas as adversidades como sol, chuva, frio, acidentes, multas, etc.
Já passou da hora de pararmos de assistir cenas como as do vídeo. Devemos respeitar o próximo, indiferente de sua cor, credo, raça ou mesmo opção sexual. Somos um conjunto de diversidades e é isso que nos faz melhor.
*Gabriel Bagliotti é jornalista responsável e diretor presidente de O Defensor.