15 de novembro de 2024
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Artigo: PRESIDENTE, MINISTRO e o vereadô…

Por: Raphael Anselmo* e Gustavo Girotto**

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, venceu uma cruzada ao persuadir o presidente Lula da Silva para autorizar a volta da cobrança de tributos federais sobre a gasolina. Bombardeado, em exaustão pela chamada “ala política” do governo e por lideranças do Congresso, Haddad felizmente conseguiu reverter a medida populista que desonerou a gasolina, tomada pelo governo de Jair Bolsonaro. A proposta assinada pelo ex-presidente tinha data de validade, 31/12/2022 – era uma medida ganha votos de desavisados, com fins eleitorais – que Lula postergou por mais dois meses. Para minimizar os efeitos tributários, o atual presidente posicionou a Petrobrás como ela deve ser usada, como estoque regulador e amortizador de preços.

Outro desafio de Haddad, mais complexo do que convencer a população da cidade de São Paulo, que transitar na marginal do Tietê a 90 Km/h era perigoso – é persuadir o Banco Central de que, os juros, precisam dar uma trégua.

Além de empréstimos mais acessíveis ao cidadão comum, os juros baixos estimulam a cadeia produtiva. Empresas passam a investir, ao invés do capital ficar alocado na renda fixa (redendo juros). É assim que se faz a economia rodar. Estimula-se o consumo que, como consequência, eleva-se a produção, que por sua vez se faz necessário contratar novos trabalhadores, que serão novos consumidores – e a roda gira – bem diferente do tal liberalismo econômico, tão eficiente como a terra plana do Olavo de Carvalho.

Nos últimos dias, a aposta dos agentes financeiros quanto a uma possível antecipação no início do corte de juros pelo Banco Central (BC) parece ter começado a ganhar força.

Uma expectativa positiva em relação ao novo arcabouço fiscal em gestação no Ministério da Fazenda e sinalizações de uma desaceleração da economia, na esteira de uma possível crise no mercado de crédito, são apontadas por especialistas entre as razões que podem ajudar a explicar a mudança na percepção. A aposta é que, no segundo semestre, os juros podem começar a cair.

Lula negocia e articula para que esse prazo seja menor – dois anos atrás, se essa fosse a vontade do presidente, era só ameaçar o BACEN em uma live ou no twitter. No dia seguinte, a diretoria estaria sendo jurada de morte nas redes sociais. O famoso gerenciamento do medo, comum nas ditaduras pelo mundo. Haddad trafega em direção oposta, principalmente quando demonstra que o Roberto Campos Neto é aliado no controle da inflação.

Mas isso não basta. Ainda borbulham lamurios intermináveis nas redes por fanáticos, inclusive de cargos temporários de vereador como profissão, que  sentenciam: faz o “L”.

O entulho tributário, incidente sobre o preço dos combustíveis, que o legislador e gênio das finanças (contém ironia), não explica – mas nós vamos – é mais um dos escombros do governo anterior, por ser uma arapuca inventada com objetivos puramente eleitoreiros.

Por fim, caros leitores, há duas maneiras de aumentar o poder de compra. A primeira é elevar os proventos; a segunda reduzir o preço dos produtos -, e Lula vem fazendo ambas. Em maio chega o ganho real no salário mínimo e, a Picanha, como prometido, já acumula queda de 10%.

O desafio deste ano no Brasil, que continua, é o fiscal, que impacta inflação, crescimento e juros. A âncora que norteará as ações do governo é prioridade e, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, já se mostrou experimentado para navegar em mares turbulentos.

O problema é que o Brasil ainda é um lugar, onde cenas lamentáveis de depredação e vandalismo no Congresso, no Supremo Tribunal Federal e no Palácio do Planalto, não alteram o risco país – o que eleva é falar de expansão de gastos com políticas sociais. Para conservadores, gasto social no balanço é custo – e não investimento. Em Taquaritinga funciona e, ainda, gera dividendos: é possível que se arrume um cargo de confiança defendendo essa narrativa em rede social em alguma repartição. Observe.

A barragem é que o mundo virtual vai progredindo e confundindo seus limites com o real, mas a pergunta é: qual deles você habita no final do dia? Não precisa responder…

* Raphael Anselmo é economista.

**Gustavo Girotto é jornalista.

**Os artigos publicados com assinatura não manifestam a opinião de O Defensor. A publicação corresponde ao propósito de estimular o debate dos problemas municipais, estaduais, nacionais e mundiais e de refletir as distintas tendências do pensamento contemporâneo.