20 de novembro de 2024
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Artigo: Falando mal do PT

Por: Carlos Galuban Neto*

Eu juro que tento fazer jus à máxima Rodrigueana de que “imprensa é oposição, o resto, secos e molhado”, e falar mal do governo Lula.

Motivos para tanto não faltam, como não me deixam mentir o próprio presidente, Gleisi Hoffman e determinadas alas do PT, às voltas com atitudes e declarações desastradas sobre taxa de juros, desoneração dos combustíveis, guerra da Ucrânia e, mais recentemente, a ditadura da Nicarágua.

Lembram daquela história de que, durante anos, Messi e Cristiano Ronaldo se beneficiaram da competição entre si, sob o argumento de que o desempenho do argentino obrigava o português a superar seus limites a cada partida e vice-versa?

Na política brasileira, é exatamente o contrário. Lula e o PT podem dizer e fazer bobagens tranquilamente, pois, no dia seguinte, surgirá alguma manchete nos lembrando de como as coisas andavam mal sob o governo anterior. Sem dúvida alguma, Jair Bolsonaro e seus comensais têm sido os maiores aliados da administração petista nestes primeiros meses. Tanto, aliás, que não me surpreenderia se fossem agraciados com ministérios e cargos no governo em breve.

E a última peripécia revelada do bolsonarismo já nasce, com o perdão do trocadilho, uma pérola da cena política nacional.

Em 2021, ao retornar de missão oficial do governo na Arábia Saudita, o militar Beto Albuquerque, então Ministro de Minas e Energia, foi barrado na alfândega do aeroporto de Guarulhos carregando um conjunto de joias avaliado em mais de 16 milhões de reais.

Com o intuito de obter a liberação das joias, o figurão alegou que se tratava de presentes do governo saudita direcionados a Michele Bolsonaro. O servidor da Receita Federal corretamente ofereceu a alternativa de as joias serem liberada sem a cobrança de qualquer multa ou tributo. Para isso, contudo, os objetos deveriam ser declarados como propriedade do Estado Brasileiro, e não como bens pessoais da ex-primeira-dama.

A proposta, como revelou O Estadão na última semana, foi rejeitada pelo Ministro. O próprio Jair, então, fez aquilo que fazia de pior: buscou resolver a questão pressionando funcionários da Receita Federal a liberarem as joias às escondidas. Felizmente, a estratégia deu errado e as preciosidades, assim como a democracia que Bolsonaro tanto se esforçou para destruir, permaneceram como propriedades dos brasileiros.

Faz apenas 03 (três) meses que Jair Bolsonaro deixou o Palácio do Planalto, e esse não é o primeiro e tampouco será o último dos inúmeros malfeitos cometidos pelo Capitão revelados postumamente, mas a verdade é que não vejo a hora de o bolsonarismo desaparecer do dia a dia dos brasileiros. Estou com saudade de falar mal do PT à vontade.

*Carlos Galuban Neto é advogado formado pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo.

**Os artigos publicados com assinatura não manifestam a opinião de O Defensor. A publicação corresponde ao propósito de estimular o debate dos problemas municipais, estaduais, nacionais e mundiais e de refletir as distintas tendências do pensamento contemporâneo.